Uma mulher de 37 anos, ex-funcionária do setor financeiro de uma empresa de tecnologia de Birigui (SP), e a mãe dela, de 59 anos, foram indiciadas pela Polícia Civil por apropriação indébita qualificada em continuidade delitiva, acusadas de terem desviado mais de R$ 110 mil das contas da empresa.
O inquérito tramitou no 1º Distrito Policial, conduzido pelo delegado Ícaro Oliveira Borges. Segundo o que foi apurado pela reportagem, em depoimento a ex-funcionária admitiu as transferências, mas alegou que agia sob ordens do patrão dela, alegações que foram consideradas contraditórias de acordo com as provas obtidas.
Ainda de acordo com o que foi apurado, a polícia passou a investigar o caso após o empresário notar inconsistências nos balanços financeiros durante o ano de 2024. A ex-funcionária passou a figurar como suspeita, pois era pessoa de confiança da diretoria e havia sido promovida para uma posição estratégica no setor financeiro, tendo acesso irrestrito às contas da matriz e das filiais.
Transferências
Durante as investigações, foi constatado que o suposto esquema criminoso teria ocorrido de forma contínua entre 2023 e 2024. Nesse período, a investigada teria feito dezenas de transferências mensais das contas da empresa para ascontas dela e da mãe dela.
Essas transferências eram feitas em valores menores, para não levantar suspeitas. Além disso, a ex-funcionária teria contratado um empréstimo em nome da empresa e desviado os valores.
Desconfiado dos desfalques o proprietário da empresa pressionou a funcionária por uma auditoria no final de 2024. Diante da situação, ela teria reagido com nervosismo e, dias depois, pediu demissão por e-mail.
Na mensagem, a investigada comunicou que havia transferido para a conta dela, de forma unilateral, o valor que considerava ser referente aos direitos trabalhistas pelo serviço prestado.
Desvio
Ainda de acordo com o que foi apurado pela reportagem, a auditoria interna foi realizada após a saída da ex-funcionária e apontou um desfalque de R$ 111.448,99. A pedido da Polícia Civil, a Justiça autorizou a quebra do sigilo bancário e o sequestro de bens das investigadas.
Durante as buscas por ativos financeiros das duas mulheres, foram encontrados apenas R$ 11 mil conta da mãe da ex-funcionária, enquanto as contas dela estavam completamente zeradas.
O delegado considera que essa manobra é um forte indício de tentativa de ocultar o patrimônio adquirido ilicitamente, o que pode configurar também o crime de lavagem de dinheiro.
Versões
Ao ser ouvida em declarações, a ex-funcionária confessou ter feito as transferências bancárias, mas alegou que agia a mando do patrão dela, para pagamento de supostas comissões ou para saques que ele não poderia realizar diretamente.
A mulher alegou ainda que usava a conta da mãe porque o nome dela estaria negativado e que estaria sofrendo "abuso psicológico e manipulação". Já a mãe dela, ouvida em declarações, afirmou que não tinha conhecimento de nada e que apenas teria cedido a conta para a filha usar, sem ter acesso ou ciência das movimentações.
Com a conclusão do inquérito, mãe e filha foram indiciadas por apropriação indébita qualificada em continuidade delitiva e o relatório final já foi encaminhado ao Poder Judiciário. Caberá ao Ministério Público decidir sobre possível oferecimento de denúncia. Se isso acontecer, elas passarão a ser rés em processo.