Opinião

Pouca luz, pouco som

"Resolvi escrever esse texto, nem para elogiar e nem criticar, apenas para mostrar ao leitor o meu estranhamento"
Da Redação
30/12/2024 às 12h08
Foto: Divulgação Foto: Divulgação

*Por Hélio Consolaro
 

O espetáculo que decretou o Natal em Araçatuba em 2024, no Centro Cultural Thati, aconteceu no dia 19/12/2024: "Starligt Concert – Concertos de Natal" . Resolvi escrever esse texto, nem para elogiar e nem criticar, apenas para mostrar ao leitor o meu estranhamento. 

 

Início, meio e fim, mas em nenhum momento as luzes foram acesas, durante os 70 minutos do espetáculo. A iluminação era bruxuleante, à base de LED. Lembrava uma caverna. Ouvidos e olhos bem focados.

 

Ninguém viu o rosto de quem estava do lado, se ria ou chorava. Os aplausos vieram no escuro. Segundo informações posteriores, era um jeito norte-americano de apresentação de espetáculo musical. Como capiau de Araçatuba, fui seguindo o roteiro apresentado, ávido por novas experiências.

 

Público e músico não se conversaram. Ninguém soube a história do projeto, como ele foi financiado. Pagamos os ingressos e ficamos calados. Os artistas entraram e saíram em Araçatuba no anonimato. Parece que estavam apenas interessados no dinheiro do ingresso.

 

Ao deixar a plateia, eu não sabia se quem estava de meu lado era da plateia ou do palco. Não havia espaço para fofocas. Nenhum explicativo panfleto foi entregue. Fantasmas tocavam e cantavam para espíritos ávidos de arte. Minha cultura latino-americana exigia interação, explicação.

 

O antigo e o moderno tomaram conta do som. Era música para todos, não só apenas para um segmento. Não havia barulho, só harmonia. Não se distanciavam no tempo. E por último, decretaram é Natal. Todos saíram felizes acreditando. 

 

Na calçada da rua General Glicério, descobrimos que alguns amigos estavam conosco.

 

Compras

 

Manhã de sábado, 21/12/2024, quase véspera de Natal, sem nada fazer no centro da cidade, inventei uma desculpa para sair. A volúpia consumista era tanta que não havia vaga nem estacionamento particular. Era o pulsar do pagamento da última parcela do 13.º salário. Nem o café da esquina tinha lugar para pôr uma xícara no balcão.

 

O fato de o povo ter dinheiro no bolso para gastar foi puxado segundo o seu interesse. O prefeito disse que tudo isso era graças ao seu trabalho em prol do desenvolvimento. O governador também tirou a sua casquinha, classificando o seu governo de dinâmico. O governo federal ria à toa, pois não fosse ele enfrentar a usura do mercado, que quer todo o dinheiro para si, o governador e o prefeito estavam no pessimismo. 

 

Apenas não sei se alguém daquela multidão sabia o que ia ser comemorado no próximo 25 de dezembro. Não importa, era só alegria!

 

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro das academias de letrasnde Araçatuba-SP, Andradina-SP, Penápolis-SP e Itapuru-RJ. 

 

**Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação.

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