Opinião

Por que repetimos os mesmos erros?

"Essa força que nos empurra para trás, para o que já conhecemos e que já machucou, é o que a psicanálise chama de 'vontade de repetir'"
Da Redação
05/11/2025 às 15h09
Foto: Divulgação Foto: Divulgação

Por Jean Oliveira

 

Quem nunca parou para pensar: "Por que de novo? Por que caí nesta mesma cilada?" Seja um emprego ruim, um relacionamento que termina do mesmo jeito ou uma briga que segue sempre o mesmo roteiro. A gente sabe que não é falta de querer mudar.

 

Na verdade, como nos ensinou Sigmund Freud, o médico austríaco considerado o pai da Psicanálise, dentro da nossa cabeça existe uma parte que decide por nós, um lado escondido que ele chamou de inconsciente. Essa parte guarda lembranças antigas, principalmente as que doeram de verdade.

 

Essa força que nos empurra para trás, para o que já conhecemos e que já machucou, é o que a psicanálise chama de "vontade de repetir". 

 

O psicanalista e psiquiatra francês J. D. Násio, em seu livro "Por que repetimos os mesmos erros", explica que essa força é teimosa: ela faz com que a gente busque, sem perceber, reviver as emoções fortes da infância, aquelas que não conseguimos entender ou resolver na época. O passado, então, age como uma sombra, sempre presente em nossas escolhas de hoje.

 

Násio explica de um jeito simples: não repetimos exatamente o fato, mas a dor que ele causou. Por exemplo, uma criança que se sentiu muito abandonada pode, quando adulta, escolher parceiros que a abandonam. A intenção não é sofrer, e sim, de forma secreta, tentar finalmente consertar aquele sentimento antigo. O problema é que, ao repetir, a gente só revive o machucado, e a ferida continua aberta.

 

A boa notícia é que o caminho para sair desse ciclo começa com uma pergunta corajosa: "O que eu estou repetindo?". Ao invés de culpar a "falta de sorte" ou os outros, a solução passa por acender uma luz nessa parte escondida. É preciso dar nome à emoção antiga, senti-la de novo, mas agora com a força e a compreensão de um adulto.

 

Essa jornada de olhar para dentro nos dá a chave para quebrar o destino que nos foi imposto. Quando entendemos de onde vem a repetição, nós ganhamos a liberdade de escolher um novo caminho. Não somos obrigados a ser reféns do que passou. O passado fica para trás, e a gente aprende a escrever uma nova história, cheia de novas e melhores possibilidades.

 

Jean Oliveira é jornalista, bacharel em Turismo e acadêmico de Psicologia

 

** Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação

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