Opinião

Oração à Têmis

"Representas não só a temperança e a igualdade, mas, também, o esperançar daquilo que mais se busca: justiça!"
Da Redação
08/08/2025 às 10h33
Foto: Arquivo Foto: Arquivo

Por Adelmo Pinho

 

Rogamos a ti, Têmis, Deusa da justiça, da ordem e da lei natural, titânide, filha do céu e da terra; que direcione teu poder e força mística a nós, indecisos, quiçá, incrédulos, diante da tua tão elevada missão.

 

Se aconselhas até a Zeus, por que não o fazes a pobres mortais, que aqui vagam nesta tormenta terrena, como uma nau sem rumo?

 

Tu que penetras nos etéreos paços, espaços e vidas, decidindo destinos, dê-nos atenção!

 

O pêndulo da tua balança não pode mover-se em contraposição ao equilíbrio, âmago de tua natureza divina. Se o fizerdes, indubitavelmente, deixarás de ser o que és.

 

Representas não só a temperança e a igualdade, mas, também, o esperançar daquilo que mais se busca: justiça!

 

Do seu domínio ecoa a equidade, esta, permita-se lembrar, é prima-irmã da imparcialidade, que tu representas. 

 

Que a tua espada seja o eterno brado do justo e do injustiçado, tão desesperançado, e não o fomentar de ódio vingador e atrabiliário. 

 

Que a venda dos teus olhos seja irremovível muralha de proteção a Poderes devassos ou ambições terrenas, preservando, assim, a tua lei natural, a ordem e a justiça.

 

Cediço que o descerrar de tua venda importaria na nudez de tua face e, por corolário, o fitar indevido dos seus olhos, que violaria o espírito proclamador de sua maior virtude: a imparcialidade! 

 

Nem o recitar da sexagésima (sermão de Antônio Vieira) por mil vezes, compara-se ao teu auscultar onisciente. 

 

Rogamos, assim, pela manutenção de tua luz eternal e feérica, direcionando o teu “não olhar” àqueles (e àquilo) que carecem de justiça!

 

A nossa efemeridade não nos torna seres despidos de cognição e apáticos a disfunções principiológicas, mesmo que metafísicas fossem, sem menoscabo algum a megatérios ou batráquios.

 

Que toda a Ética a Nicômaco sirva de fundamento a esta prece, para que te mantenha incólume e resiliente às adversidades mundanas.  

 

Através da tua magnitude e Poder, livre-nos do sestro da parcialidade e do notambulismo hodierno! 

 

Amém!

 

*Adelmo Pinho é articulista, cronista e membro da Academia de Letras de Penápolis e da Academia Araçatubense de Letras

 

** Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação

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