Por Adelmo Pinho
Rogamos a ti, Têmis, Deusa da justiça, da ordem e da lei natural, titânide, filha do céu e da terra; que direcione teu poder e força mística a nós, indecisos, quiçá, incrédulos, diante da tua tão elevada missão.
Se aconselhas até a Zeus, por que não o fazes a pobres mortais, que aqui vagam nesta tormenta terrena, como uma nau sem rumo?
Tu que penetras nos etéreos paços, espaços e vidas, decidindo destinos, dê-nos atenção!
O pêndulo da tua balança não pode mover-se em contraposição ao equilíbrio, âmago de tua natureza divina. Se o fizerdes, indubitavelmente, deixarás de ser o que és.
Representas não só a temperança e a igualdade, mas, também, o esperançar daquilo que mais se busca: justiça!
Do seu domínio ecoa a equidade, esta, permita-se lembrar, é prima-irmã da imparcialidade, que tu representas.
Que a tua espada seja o eterno brado do justo e do injustiçado, tão desesperançado, e não o fomentar de ódio vingador e atrabiliário.
Que a venda dos teus olhos seja irremovível muralha de proteção a Poderes devassos ou ambições terrenas, preservando, assim, a tua lei natural, a ordem e a justiça.
Cediço que o descerrar de tua venda importaria na nudez de tua face e, por corolário, o fitar indevido dos seus olhos, que violaria o espírito proclamador de sua maior virtude: a imparcialidade!
Nem o recitar da sexagésima (sermão de Antônio Vieira) por mil vezes, compara-se ao teu auscultar onisciente.
Rogamos, assim, pela manutenção de tua luz eternal e feérica, direcionando o teu “não olhar” àqueles (e àquilo) que carecem de justiça!
A nossa efemeridade não nos torna seres despidos de cognição e apáticos a disfunções principiológicas, mesmo que metafísicas fossem, sem menoscabo algum a megatérios ou batráquios.
Que toda a Ética a Nicômaco sirva de fundamento a esta prece, para que te mantenha incólume e resiliente às adversidades mundanas.
Através da tua magnitude e Poder, livre-nos do sestro da parcialidade e do notambulismo hodierno!
Amém!
*Adelmo Pinho é articulista, cronista e membro da Academia de Letras de Penápolis e da Academia Araçatubense de Letras
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