Opinião

Eles voam, entregam e mudam tudo: o impacto dos drones na logística

"O futuro desse mecanismo de entrega é promissor e aponta para uma revolução na forma como consumimos e nos relacionamos com o tempo"
Da Redação
05/10/2025 às 10h45
Imagem gerada por MetaAI Imagem gerada por MetaAI

Por Cassio Betine

 

Com certeza você já viu essas maquininhas voadoras em casamentos, shows, campos de futebol etc etc. Mas, já recebeu uma encomenda em sua casa deixada por elas? Pois é, isso que está começando acontecer pelo mundo afora, inclusive no Brasil – nas devidas proporções, é claro. 

 

Os drones de entrega estão transformando a logística urbana e rural, oferecendo soluções rápidas, sustentáveis e inteligentes para um dos maiores desafios da era digital: transportar produtos com eficiência em um mundo cada vez mais congestionado e exigente.

 

Esses veículos aéreos não tripulados são cheios de tecnologias. São equipados com sistemas de navegação por GPS, sensores de proximidade, câmeras e compartimentos de carga com travas de segurança e algoritmos sofisticados. Eles podem ser controlados remotamente ou operar de forma autônoma, seguindo rotas pré-programadas com base em inteligência artificial.

 

A principal vantagem desses dispositivos está na capacidade de realizar entregas em áreas de difícil acesso, reduzir o tempo de transporte e minimizar os custos operacionais, especialmente em trajetos curtos e médios. Além disso, por serem elétricos, os drones contribuem para a redução da poluição sonora e emissões de carbono, tornando-se uma alternativa mais ecológica e silenciosa em comparação aos veículos tradicionais.

 

Empresas de tecnologia e logística vêm apostando alto nessa inovação. A Amazon, por exemplo, desenvolveu o programa Prime Air, que promete entregas em até 30 minutos por meio de drones em determinadas regiões dos Estados Unidos. A Wing, subsidiária da Alphabet (empresa-mãe do Google), já realiza entregas regulares de medicamentos, alimentos e suprimentos em cidades da Austrália, Finlândia e Estados Unidos.

 

Na China, a JD.com e a Alibaba operam drones em áreas rurais e urbanas, com rotas que cruzam montanhas e rios, levando produtos a vilarejos remotos em questão de minutos. Israel, Japão e Emirados Árabes também têm investido em projetos-piloto e operações comerciais com drones, consolidando a tendência de uma logística aérea descentralizada e automatizada.

 

No Brasil, o avanço é mais recente, mas já significativo. A cidade de Aracaju, em Sergipe, tornou-se pioneira na América do Sul ao receber autorização da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para voos comerciais de drones sobre áreas com circulação de pessoas. A operação é liderada pelo iFood, em parceria com a startup brasileira Speedbird Aero, referência em mobilidade aérea urbana.

 

Os drones partem do Shopping RioMar e cruzam o rio Sergipe até a Barra dos Coqueiros, reduzindo um trajeto que levaria cerca de uma hora por terra para apenas 30 minutos pelo ar. Os equipamentos transportam até 5 quilos, operam com monitoramento remoto, possuem paraquedas de emergência e são capazes de enfrentar ventos de até 55 km/h e chuvas leves.

 

A operação funciona sete dias por semana, com capacidade para até 280 entregas diárias, e o entregador humano ainda participa da chamada “última milha”, recebendo o pacote no ponto de pouso e levando até o consumidor final.

 

Além de Aracaju, outras cidades brasileiras estão se preparando para incorporar drones à sua malha logística. Projetos-piloto em Estados como Pará e Amazonas já utilizaram drones para entregar medicamentos e vacinas em comunidades ribeirinhas e aldeias indígenas, onde o acesso por terra ou barco pode levar dias. Em tais contextos, os drones não apenas aceleram o processo, mas também salvam vidas ao garantir o transporte rápido de insumos médicos em situações de emergência.

 

O futuro desse mecanismo de entrega é promissor e aponta para uma revolução na forma como consumimos e nos relacionamos com o tempo. Com o avanço da tecnologia, espera-se um dia que os drones ganhem ainda mais autonomia, capacidade de carga e integração com sistemas urbanos inteligentes.

 

A tendência é que eles sejam incorporados a redes multimodais de transporte, atuando em conjunto com bicicletas, carros elétricos e centros de distribuição automatizados. Em áreas urbanas densas, eles podem aliviar o tráfego terrestre e reduzir os prazos de entrega, enquanto em zonas rurais e remotas, podem garantir acesso a bens essenciais com rapidez e precisão.

 

Desafios ainda existem, é claro. As regulamentações do espaço aéreo, a segurança dos voos, a privacidade dos cidadãos e a viabilidade econômica em larga escala são pontos que exigem atenção das autoridades e das empresas envolvidas. Mas os avanços já conquistados mostram que os drones não são apenas uma viagem de algum empreendedor — são uma realidade em expansão.

 

E com o Brasil entrando na rota da inovação, talvez seja hora de parar de olhar para o céu com surpresa e romantismo e começar a enxergá-lo como parte do novo mapa logístico deste novo século que vivemos.

 

Cassio Betine: Pós-graduado em Tecnologias da Aprendizagem, Bacharel em Artes e Desenho Industrial. Coordenador e Mentor de Negócios e Eventos. Autor de livros, artigos e produtor de conteúdos diários sobre Tecnologia, Inovação e Comportamento. É empreendedor em outros negócios e fundador da F7Digitall.com – Tecnologia & Comunicação

 

**Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação

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