Opinião

É a volta do cipó de aroeira

"Deus tentou organizar aqui o paraíso, mas não conseguiu, surgiu a serpente"
Agência Gov
18/09/2025 às 15h08
Foto: Divulgação Foto: Divulgação

Por Hélio Consolaro*

 

Há gente que sonha com a paz, lobo e cordeiro passeando juntos. Essa paz nunca vai acontecer, porque o mundo foi construído em cima do contraditório. Não é paz de cemitério. Em vez disso, propõe-se uma abordagem democrática e centrada nos direitos dos cidadãos.

 

A nossa falta de paz chegou com Pedro Álvares Cabral, construindo as injustiça. Nem podemos dizer que os povos originais eram mais pacíficos, porque eram também humanos. Podemos enaltecer neles o respeito pela natureza.

 

Às vezes, ouço jornalistas perguntarem para personalidades quando o Brasil será pacificado. Aqui, nem no mundo, houve paz algum dia. O que há é um grupo dominando o outro, e este não tendo força para reagir. Isso não é paz. E as guerras se tornam mais ferozes.

 

Deus tentou organizar aqui o paraíso, mas não conseguiu, surgiu a serpente. Ele nos abandonou à própria sorte. Não desanimou, mandou Jesus Cristo, foi crucificado como bandido e até hoje ninguém entendeu a mensagem.

 

Aquela união total não aconteceu, houve mesmo divisão de todos os naipes. Dividimos a Terra em nacionalidades, surgiram as propriedades com as cercas. As guerras pipocaram.

 

Escravidão, gente com muito e gente com nada, esquerda e direita, progressistas e atrasados. De repente, numa parte do planeta que se chama Brasil, 1964, a direita pôs a esquerda de joelhos. Agora, a esquerda quer fazer o mesmo com a direita.

 

Na barafunda de 1964, surgiu um cantor, Geraldo Vandré, interpretando a dor da esquerda e compôs a música Aroeira, que dizia que haveria um dia: "É a volta do cipó de aroeira/ No lombo de quem mandou dar".

 

Os militares fizeram uma arruaça, promulgaram o AI-5 e riam da música em 1969. E não é que o cipó está voltando nas costas de Jair Bolsonaro e alguns generais 40 anos depois? A valentia acabou. 

 

Deram o cipó nas mãos de Alexandre Moraes e seus companheiros que estão fazendo vergão nas costas dos golpistas, que querem o povo longe de seus direitos. Mas não torturamos e nem assassinamos ninguém.  

 

Como a direita dizia que Geraldo Vandré cantasse flor, amor, músicas mais suaves, ele respondeu com "Para dizer que não falei das flores". Confira a letra e a música.

 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro das academias de letras de Araçatuba, Andradina, Penápolis e Itaperuna.

 

** Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação

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