Opinião

Além da Terra: O futuro do turismo

Uma análise do mercado e do potencial econômico
Da Redação
02/03/2025 às 11h20
Imagem: Meta AI, orientada por f7 digitall Imagem: Meta AI, orientada por f7 digitall

Por Teka Betine

 

O turismo, em sua essência, sempre foi sobre explorar o novo, buscar experiências únicas e ampliar horizontes. Na Terra, ele já se consolidou como uma das maiores indústrias globais, movimentando bilhões de dólares anualmente e gerando empregos em escala impressionante. De praias paradisíacas a montanhas geladas, de metrópoles vibrantes a vilarejos históricos, o turismo tradicional oferece uma gama de opções que, ainda assim, permanece subexplorada por muitos.

 

Surpreendentemente, enquanto destinos terrestres continuam a encantar, uma nova modalidade emerge no horizonte - ou melhor, além dele: o turismo espacial. Este é um campo em exploração, que desperta curiosidade, mas também revela paralelos fascinantes com o turismo que conhecemos.

 

No planeta, o turismo é uma força econômica poderosa, mas mal aproveitada em seu potencial total. Muitos ainda não despertaram para a diversidade de experiências disponíveis - ecoturismo, turismo cultural, de negócios, compras, gastronômico, de aventura - que poderiam ser mais promovidos e acessados. Alguns gestores e governos, contudo, hesitam em investir nesse tipo de economia, que não só gera renda, mas também preserva patrimônios naturais e culturais.

 

O turismo terrestre, embora consolidado, tem espaço para crescer, especialmente em destinos menos óbvios, que aguardam descobertas. Agora, imagine um turismo que vai além das fronteiras terrestres, onde o destino não é uma cidade ou uma ilha, mas o próprio espaço sideral.

 

O turismo espacial, embora em ascensão, ainda é um território virgem, tanto em termos de exploração quanto de aceitação pública. Assim como o turismo na Terra já foi visto como privilégio de poucos, o espacial está apenas começando a traçar seu caminho. Empresas como SpaceX, Blue Origin e Virgin Galactic estão liderando essa revolução.

 

Em 2021, a Blue Origin levou o lendário William Shatner, o Capitão Kirk de Star Trek, a uma breve viagem suborbital. A SpaceX, por sua vez, já realizou missões como a Inspiration4, com civis orbitando a Terra por dias. Esses eventos marcam o início de uma era em que o espaço não é mais exclusivo de astronautas treinados, mas de indivíduos dispostos a pagar o preço - um preço que, por enquanto, exige uma conta bancária bem além dos cinco dígitos.

 

Uma passagem para um voo suborbital pode variar entre 250 mil e 500 mil dólares (aproximadamente 1,2 a 2,4 milhões de reais, respectivamente), enquanto uma estadia na órbita terrestre pode ultrapassar facilmente vários milhões de dólares. Esse custo elevado estabelece um paralelo interessante com o turismo terrestre de luxo. Assim como hotéis cinco estrelas ou ilhas privadas foram, inicialmente, inacessíveis à maioria, o turismo espacial é, atualmente, um nicho de mercado exclusivo, direcionado à elite.

 

Mas, como vimos na história do turismo tradicional, o que começa como exclusividade tende a se democratizar com o tempo. A aviação comercial, por exemplo, era um luxo nos anos 1920; hoje, é um meio de transporte corriqueiro. O mesmo destino pode aguardar o turismo espacial.

 

Tanto o turismo terrestre quanto o espacial compartilham o apelo da aventura e da descoberta. Na Terra, viajamos para ver o Grand Canyon ou as Cataratas do Iguaçu; no espaço, entre os atrativos, está a visão da curvatura do planeta e a sensação de gravidade zero. Ambos também enfrentam desafios logísticos: infraestrutura, segurança e sustentabilidade são preocupações constantes.

 

Embora o turismo terrestre já tenha uma base sólida, o turismo espacial ainda está em desenvolvimento, exigindo tecnologia de ponta, regulamentação rigorosa e investimentos massivos. O impacto econômico também difere, pois o turismo terrestre emprega milhões de pessoas, enquanto o turismo espacial ainda busca estabelecer uma base significativa de empregos.

 

Em suma, o turismo espacial é, em muitos aspectos, o reflexo de um turismo terrestre jovem e ambicioso: caro, exclusivo, mas com um futuro promissor. Aqui na Terra, ainda há muito a explorar e investir, e gestores que ignoram essa economia perdem uma oportunidade dourada. No espaço, o cenário é semelhante - um mercado nascente, aguardando visionários que apostem em seu potencial. Seja no solo ou entre as estrelas, o turismo prova que a busca pelo novo é uma força imparável, capaz de transformar sonhos em realidade e, de quebra, impulsionar o mundo ao seu redor. 

 

Qual é o seu sonho de viagem mais ousado: explorar um destino terrestre inédito ou aventurar-se no espaço?

 

Teka Betine

Relações Públicas, Assessora de Imprensa, Técnica e Guia de Turismo (Mtur), Gastróloga, Pós-Graduada em Comunicação Pública, Bioquímica e Fisiologia da Nutrição.

 

** Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação.

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