Opinião

Água que brota, vida que pulsa: a urgente preservação de nascentes

"A degradação dessas fontes naturais, especialmente nas áreas urbanas, exige ação imediata e integrada entre poder público, iniciativa privada e sociedade civil organizada"
Da Redação
04/08/2025 às 17h01
Foto: Divulgação Foto: Divulgação

*Por Bolivar Bracale

 

Em um mundo que experimenta, simultaneamente, avanços tecnológicos exponenciais e crises ambientais alarmantes, torna-se imperativa a reflexão sobre um recurso essencial e insubstituível: a água. Mais especificamente, as nascentes merecem atenção redobrada, pois representam o berço dos cursos hídricos que abastecem rios, reservatórios e aquíferos. A degradação dessas fontes naturais, especialmente nas áreas urbanas, exige ação imediata e integrada entre poder público, iniciativa privada e sociedade civil organizada.

 

Historicamente, a proteção das nascentes foi relegada ao campo simbólico ou secundário das políticas ambientais. Contudo, o aumento da densidade populacional nos centros urbanos, aliado à expansão desordenada dos equipamentos urbanos — como vias, empreendimentos imobiliários e infraestrutura de serviços — tem causado a supressão de áreas de recarga hídrica e o assoreamento de olhos d’água.

 

Em muitas cidades brasileiras, nascentes outrora vigorosas desapareceram sob o concreto, enterradas junto com a memória de sua importância vital. Em Araçatuba, temos como exemplo, a nascente do córrego Machadinho, aquele que passa pela avenida Pompeu de Toledo até desaguar no Baguaçu.

 

É fundamental compreender que as nascentes não são apenas pontos onde a água emerge do solo. Elas fazem parte de um ecossistema delicado que envolve vegetação nativa, fauna associada, solos permeáveis e uma geografia específica. Quando preservadas, desempenham papel crucial na manutenção do ciclo hidrológico, na recarga dos lençóis freáticos, na regulação do microclima e na redução de enchentes. Quando degradadas, contribuem para a escassez hídrica, para a perda da biodiversidade e para o aumento do risco de desastres urbanos.

 

É importante destacar que a iniciativa privada tem papel estratégico na preservação das nascentes. Por meio de programas de responsabilidade socioambiental, empresas podem investir em projetos de recuperação de áreas degradadas, tecnologias de monitoramento hídrico e ações educativas voltadas à sustentabilidade.

 

Além disso, empreendimentos que incorporam práticas ambientalmente responsáveis — como o respeito às áreas de preservação permanente e o uso racional da água — não apenas agregam valor à sua marca, como também contribuem diretamente para a segurança hídrica coletiva. O setor produtivo, ao compreender que a sua própria sobrevivência depende do equilíbrio dos ecossistemas, torna-se agente indispensável na defesa dos recursos naturais.

 

Preservar as nascentes é, portanto, mais do que um ato de conservação ambiental: é uma estratégia de segurança hídrica, de saúde pública e de justiça intergeracional. Cuidar dos olhos d’água é enxergar, com clareza, o futuro. Um futuro no qual a água não será escassa porque soubemos agir a tempo, com responsabilidade e união.

 

*Bolivar Bracale é empresário do setor de bebidas em Araçatuba

 

** Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação

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