Opinião

A nanotecnologia está mudando a medicina - e talvez você nem tenha percebido ainda

"Pois é, isso já é realidade — e está acontecendo agora, em laboratórios e clínicas ao redor do mundo"
Da Redação
16/11/2025 às 06h57
Imagem gerada por Microsoft Copilot Imagem gerada por Microsoft Copilot

Por Cassio Betine

 

Imagine partículas tão pequenas que cabem milhares delas dentro de uma célula humana – isso mesmo, algo muito, muito pequeno, digno do filme antigo de ficção científica da década de 60, “Viagem Fantástica”. Agora, imagine que essas partículas possam ser programadas para encontrar células doentes, entregar medicamentos com precisão cirúrgica e até ajudar a diagnosticar doenças antes mesmo de aparecerem nos exames convencionais. Pois é, isso já é realidade — e está acontecendo agora, em laboratórios e clínicas ao redor do mundo.

 

A nanotecnologia na medicina já deixou de ser promessa futurista e está ganhando espaço em tratamentos reais. Um dos usos mais avançados é na oncologia: nanopartículas são projetadas para identificar células cancerígenas e liberar medicamentos diretamente nelas, poupando o restante do corpo dos efeitos colaterais. Isso já está em uso em terapias contra câncer de mama e de próstata, com resultados animadores. Em alguns estudos, houve redução significativa dos tumores com menos toxicidade para os pacientes. Além disso, há aplicações em doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e até em infecções resistentes a antibióticos.

 

No Brasil, a USP (Universidade de São Paulo) está na linha de frente. O Instituto de Física de São Carlos criou um centro de inovação em nanomedicina, com apoio da Finep, para desenvolver soluções que vão desde o diagnóstico precoce até terapias personalizadas. O foco está em doenças raras e câncer, mas o potencial vai muito além. Já a Unesp (Universidade Estadual Paulista) também tem pesquisadores envolvidos em projetos internacionais, como os realizados na Université de Strasbourg, na França, e na Università di Modena, na Itália, que estudam materiais nanométricos para aplicações médicas.

 

Empresas privadas também estão apostando alto. A Johnson & Johnson, por exemplo, investe em nanorrobôs para cirurgias minimamente invasivas. A Novartis e a Pfizer exploram nanopartículas para melhorar a entrega de medicamentos. E startups como a Bionaut Labs, nos Estados Unidos, estão desenvolvendo minúsculos dispositivos que podem navegar pelo corpo humano como submarinos microscópicos, guiados por campos magnéticos, para tratar doenças neurológicas.

 

Um aspecto curioso é que essas tecnologias não apenas tratam, mas também ajudam a entender melhor o corpo humano. Algumas nanopartículas funcionam como sensores, capazes de detectar alterações químicas em tempo real. Isso pode permitir que médicos monitorem a evolução de uma doença com precisão inédita, ou que identifiquem riscos antes mesmo dos sintomas aparecerem. Há também pesquisas em andamento para criar “nanovacinas”, que ativam o sistema imunológico de forma mais eficiente e duradoura.

 

Apesar dos avanços, a nanotecnologia médica ainda está em fase de expansão. Muitos dos projetos estão em testes clínicos ou em fase pré-clínica, especialmente os mais ousados, como os nanorrobôs e os sistemas de entrega inteligente. Mas os resultados já obtidos são promissores o suficiente para atrair bilhões em investimentos e acelerar a corrida por soluções mais eficazes, menos invasivas e mais acessíveis.

 

O mais fascinante é pensar que, no futuro, uma simples cápsula poderá conter milhares de nanodispositivos capazes de escanear o corpo, tratar o que estiver errado e sair sem deixar rastros. Ou, que exames de sangue poderão detectar doenças com precisão molecular, antes mesmo de qualquer sintoma. A medicina está ficando microscópica — e isso é gigantesco.

 

Portanto, não se espante se, em um futuro bem próximo, alguém que você conhece — ou até você mesmo — sair da consulta médica com uma receita para comprar uma nanocápsula na farmácia e realizar uma cirurgia sem bisturi, sem internação, e sem dor.

 

Cassio Betine: Pós-graduado em Tecnologias da Aprendizagem, Bacharel em Artes e Desenho Industrial. Coordenador e Mentor de Negócios e Eventos. Autor de livros, artigos e produtor de conteúdos diários sobre Tecnologia, Inovação e Comportamento. É empreendedor em outros negócios e fundador da F7Digitall.com – Tecnologia & Comunicação.

 

**Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação

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