Por Hélio Consolaro
13/11/25 às 14h31
Na minha infância e juventude, muitas perguntas foram respondidas com mitos, ou seja, com histórias inventadas para explicar o inexplicável. Por que os negros têm as palmas das mãos e dos pés brancas? RESPOSTA: Deus reuniu os humanos e mandou todos pularem na água do rio. Como havia muitos negros, os que chegaram por último só pegaram o restinho d'água.
Na verdade, a existência de pessoas negras é uma adaptação evolutiva à radiação ultravioleta (UV) intensa, já que a humanidade se originou na África e a pele escura é uma proteção natural contra o sol forte. Ninguém estava preparado para responder, nem sei se havia tal conhecimento, mas a ignorância automática ou engenhada explicava conforme a conveniência.
O branco que é uma criatura mais frágil do que o negro, tentava sobrepor aos negros se valorizando. Tudo que era branco, até a inocência. Conseguiram achar preto de alma branca.
Afinal, por que precisamos do Dia da Consciência Negra? E consciência negra é só para negros? Passamos por um período que havia, a partir de 2011, com feriado no dia 20 de novembro, mas desde que Estado ou município fizesse uma lei também.
O Brasil é o país com a maior população negra fora do continente africano. De acordo com o IBGE, somos milhões de pessoas negras no País. Porém, pouco sabemos sobre a história negra na formação da sociedade brasileira. Os negros eram tratados como seres desprezíveis.
Em Araçatuba, como o ex-vereador Dunga era aliado dos negros, apertou o ex-prefeito Jorge Malully, o Dia da Consciência Negra se tornou lei municipal. Os sindicatos patronais de Araçatuba, dominados pelos brancos, choravam o dia parado, como senhores de escravos.
Negro é negro e pronto. Coloque-se em seu lugar. Não tinha direito a pesquisar sobre sua árvore genealógica. Não tinha história. Vieram empilhados nos navios negreiros. Assim pensam os racistas.
"As irmandades e igrejas dedicadas a Nossa Senhora do Rosário foram espaços para a população negra se reunir, manter sua identidade e expressar sua cultura, uma vez que eram segregadas das igrejas frequentadas pelos brancos. Essas festas, como a da Coroação dos Reis Congos, celebram a ancestralidade e a luta pela liberdade (IA).
Em tempos atuais, foi criado o Dia da Consciência Negra, uma reivindicação dos movimentos negros que querem recuperar o protagonismo do povo que foi escravizado pelos brancos. O objetivo é tirar a “raça” do ostracismo, devolver-lhe o orgulho de ser negro, recuperar a sua ancestralidade, o seu lugar de protagonista na História do Brasil.
Para isso, 13 de maio não servia, precisava buscar a figura de Zumbi, o líder negro que se revoltou contra a escravidão. Vinte de novembro de 1695, quando foi capturado e morto por organizar o Quilombo de Palmares.
Em 2024, o Dia da Consciência Negra foi comemorado realmente como feriado nacional, por força de lei, por vontade do presidente Lula da Silva.
Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro das academias de letras de Araçatuba, Andradina, Penápolis e Itaperuna
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