Por Cássio Betine
Os avanços recentes no campo das próteses e órgãos artificiais têm sido notáveis, marcando uma era de inovações surpreendentes que estão transformando a medicina regenerativa e a reabilitação. A engenharia de próteses já alcançou conquistas impressionantes com o desenvolvimento de membros robóticos e exoesqueletos que oferecem uma nova dimensão de mobilidade para pessoas com deficiências físicas.
O negócio está tão avançado que o Google acabou de lançar uma calça equipada com um exoesqueleto externo, para potencializar o desempenho de quem gosta de fazer caminhada. Estes dispositivos, geralmente equipados com diversos tipos de sensores de movimento e controle neural, permitem uma interação mais fluida e natural com o ambiente, melhorando significativamente a qualidade de vida dos usuários.
A própria integração de interfaces cérebro-máquina (lembram do implante do chip cerebral feito há pouco tempo?) está redefinindo os limites da independência e da autonomia, permitindo que amputados controlem suas próteses com o pensamento. Esta tecnologia representa um salto monumental na engenharia de próteses, pois não só restaura a função perdida, mas também proporciona um alto nível de conforto e adaptabilidade. Materiais inovadores, como ligas de proteína e polímeros de alto desempenho, estão sendo utilizados para criar próteses mais leves e duráveis, que se adaptam melhor ao corpo humano e reduzem o risco de complicações.
E no campo dos órgãos artificiais as coisas também vão de vento e popa. A bioimpressão 3D está emergindo como uma solução para a crise global de escassez de órgãos doadores. Técnicas avançadas de engenharia de tecidos estão sendo aplicadas para criar órgãos funcionais em laboratório, que podem ser produzidos a partir das células do próprio paciente, minimizando assim o risco de rejeição. Embora ainda esteja em estágios iniciais, a bioimpressão 3D oferece um potencial enorme para eliminar as listas de espera de transplantes e revolucionar o campo da medicina regenerativa.
Agora mesmo (no final de julho), a medicina cardiovascular testemunhou um avanço extraordinário com a recente implantação de um coração artificial de titânio em um paciente humano. Este marco representa não apenas uma simples conquista técnica de laboratório, mas também uma nova esperança para centenas de milhares de pessoas que sofrem de insuficiência cardíaca - e que é uma das causas que mais mata no mundo. O dispositivo, desenvolvido em uma colaboração entre o Texas Heart Institute e a BiVACOR, é uma bomba de sangue rotativa eletromecânica que substitui ambos os ventrículos do coração. O negócio é impressionante.
Além disso, essas pesquisas com xenotransplantes, que envolvem a transferência de órgãos entre diferentes espécies, têm demonstrado que é possível transplantar órgãos geneticamente modificados de animais para humanos, abrindo novas possibilidades para o tratamento de doenças graves e terminais. Esses avanços são resultado de um progresso notável nos campos tecnológico e científico, especialmente na genética, que está permitindo procedimentos mais eficazes e seguros.
As tendências futuras apontam para uma maior personalização e miniaturização dos implantes, tornando-os menos invasivos e mais adaptados às necessidades individuais dos pacientes. A utilização de plataformas de Inteligência Artificial utilizadas em conjunto com membros eletrônicos é outra inovação que promete tornar as próteses ainda mais versáteis e personalizadas. Essas tecnologias não apenas capturam o sinal elétrico do músculo para executar o movimento, mas também aprendem padrões de movimento, tornando a prótese mais parecida com o órgão humano.
É claro que ainda não é possível entrar num site, fazer um pedido de um coração de titânio e escolher a forma de pagamento, mas talvez num futuro não tão distante, isso será totalmente possível. Quem assistiu o filme Blade Runner vai associar a ficção com essa nova e assustadora realidade.
*Cássio Betine é head do ecossistema regional de startups, coordenador de meetups tecnológicos regionais, coordenador e mentor de Startup Weekend e pilot do Walking Together. Cássio é autor do podcast Drops Tecnológicos
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