Política

Vereador atira objeto em colega que fazia justificativa após votar contra projeto

Autor de projeto que beneficiaria pessoas com mobilidade reduzida em função de tratamento de câncer e de doença renal chegou a chamar os colegas para a “briga”, dizendo que “teria o maior prazer de sentar a mão na lata de todo mundo”
Da Redação
15/08/2023 às 07h59

O que parecia mais uma sessão comum na noite desta segunda-feira (14) na Câmara de Araçatuba (SP), quando vários projetos vinham sendo aprovados sem nenhuma discussão, terminou com uma grande confusão após, por maioria de votos, os parlamentares terem rejeitado projeto que garantiria a pessoas em tratamento de câncer e renal, o direito de vagas especiais de estacionamento no entorno da Santa Casa.

 

A proposta foi apresentada pelo vereador Arlindo Araújo (MDB), que ficou revoltado com a decisão dos colegas, chegando a ponto de dizer que até sairia no “tapa” com quem estivesse se sentindo ofendido com a manifestação dele.

 

A situação ficou ainda mais tensa quando o vereador Nelsinho Bombeiro (PV), ao apresentar a justificativa do voto contrário ao projeto, disse que o autor havia copiado e colado o texto. Nesse momento, Arlindo Araújo jogou um objeto nas costas do parlamentar, o que seria um frasco de álcool, e ficou esbravejando, tendo que ser contido.

 

Projeto

 

O projeto que causou todo transtorno foi o oitavo da pauta. O primeiro, inclusive, também havia sido apresentado por Arlindo Araújo, que é médico veterinário, e visa instituir o programa “Banco de Ração e Utensílios para Animais”, para auxiliar as entidades que cuidam de animais abandonados.

 

O autor pediu que ele fosse retirado da pauta e adiado por uma semana, a pedido dos colegas de Casa, que teriam solicitado mais tempo para analisar o texto.

 

Já o projeto que causou a confusão, tratava dos direitos das pessoas com mobilidade reduzida no município de Araçatuba, visando estender aos pacientes com câncer ou doenças renais graves os mesmos direitos garantidos por lei às pessoas com deficiência.

 

Quando o projeto foi colocado em votação não houve nenhum tipo de discussão, como já havia acontecido com os anteriores, que foram todos aprovados. Porém, nesse caso, apenas o próprio autor e os vereadores Luís Boatto, do mesmo partido; e Lucas Zanatta (PL), votaram favoráveis.

 

Oportunidade

 

Após a votação, Arlindo Araújo pediu a palavra e explicou que o que ele pretendia, em síntese, era dar oportunidade para pessoas em tratamento de câncer no Centro de Oncologia, e que fazem radioterapia e hemodiálise, fossem comparadas às pessoas com problema de mobilidade para permitir que tivessem estacionamento facilitado próximo da Santa Casa.

 

“Confesso que eu tinha certeza que esse projeto seria aprovado. Olha quanta inocência da minha parte, heim! Eu tenho mais de 30 anos de Câmara e ainda pensei que essa Casa podia ter alguma sensibilidade, alguma empatia, uma subserviência menor ao prefeito municipal, tivesse um pouco mais de opinião própria, mas eu confesso que me vi surpreso com a decisão dos colegas” desabafou.

 

O parlamentar prosseguiu, dizendo que a decisão da Casa o havia deixado profundamente chateado, comparando a Câmara Municipal de Araçatuba a uma “confraria de seres mitológicos que emergiram do tártaro”, uma referência à mitologia grega.

 

Chamou pra briga

 

Ele inclusive citou que muitos vereadores da bancada evangélica tem o hábito de falar “nome de Deus” em seus pronunciamentos, que apresentariam projetos que não teriam fundamento nenhum, mas rejeitaram uma proposta que beneficiaria pessoas doentes.

 

“Vocês têm o meu desprezo. Vocês não são só ridículos, são nojentos! E tem mais, se tiver algum nervoso aí por dentro, vai conversar comigo lá fora, pode ir um por um, que eu vou ter o maior prazer de sentar a mão na lata de todo mundo. Depois se quiser cassar meu mandato falando que eu estou ameaçando, eu não estou ameaçando, eu estou falando que eu converso com qualquer um lá fora, pode fazer fila, porque eu perdi a minha paciência com vocês”, declarou.

 

Justificativa

 

O único parlamentar que votou contrário ao projeto que se manifestou foi o Nelsinho Bombeiro. Ele argumentou que antes da votação procurou o autor do projeto, dizendo que não estava entendendo, e comentou ainda que a lei federal 6.551/201 já garantiria esse direito aos pacientes em tratamento, que seriam os beneficiados caso a proposta tivesse sido aprovada.

 

“E quando eu fui perguntar para o vereador (Arlindo), ele não quis nem me responder, ele deixou eu falando sozinho, então eu não sou obrigado a votar no projeto dele”, acrescentou.

 

Nesse momento Nelsinho foi interrompido pelo autor do projeto e quando retomou a fala, acrescentou que o próprio Arlindo teria dito que havia copiado e colado o texto.

 

Foi nesse momento que o autor do projeto jogou o objeto no colega que estava discursando e teve que ser contido por uma pessoa que acompanhava a sessão no plenário, que estava praticamente vazio.

 

Acalmados os ânimos, Nelsinho disse que encerraria a fala e procuraria a forma jurídica de lidar com o caso.

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