Opinião

O mito da educação brasileira - Parte II

"A nossa realidade, em especial nas escolas públicas, é a de milhares de alunos semialfabetizados ascendendo formalmente do ensino fundamental para o médio"
Da Redação
29/08/2024 às 12h17
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Por Adelmo Pinho

 

Educação, para qualquer nação, será sempre sinônimo de progresso e luz frente à escuridão da ignorância. A Educação, no Brasil, é um grande mito, ou mico mesmo. Querem saber o nível educacional no país? Consultem o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes).

 

A Educação no Brasil é nivelada por baixo. Deveria, de fato, no mundo sensível (termo platônico) ser um direito de todos e dever do Estado (art. 205, da CF). Normas sem cumprimento e narrativas mendazes são comuns por aqui.

 

O Estado falha no seu dever e o que era para ser um direito cidadão, deixa de sê-lo, porque uma coisa depende da outra, como a carroça depende do burro. Educação “meia boca”, não é Educação de qualidade. A nossa realidade, em especial nas escolas públicas, é a de milhares de alunos semialfabetizados ascendendo formalmente do ensino fundamental para o médio.

 

Excepcionalmente, há escolas que se sobressaem na boa Educação, inclusive públicas, mas, por mérito de professores dedicados e de alunos estudiosos. Bons educadores, pilares da educação no país, são pouco valorizados. Eles, mormente na esfera pública, sofrem restrição ao poder de criação e inovação, porque o conteúdo e a metodologia de ensino são ditados de cima para baixo.

 

Outro equívoco pedagógico: o ensino ministrado coletivamente, sem levar em conta o potencial e a necessidade individual do aluno. Por tudo isso, nessa “selva do conhecimento”, parte dos alunos tende a abandonar a escola (evasão) ou a estagnar na mediocridade, pela má qualidade do ensino; em regra, os alunos que sobressaem, o fazem por si e para si, ou seja, independem de política educacional ou do conhecimento recebido (bom ou ruim).

 

A realidade nua e crua: sai governo e entra governo, mantém-se a péssima qualidade de ensino no país. Qual a causa? Maus gestores na Pasta e falta de planejamento? Má vontade política? Má-fé, para a manutenção da ignorância? Parece que é um pouco de tudo isso ...

 

Não é Republicano gastar todo o orçamento obrigatório em Educação sem avanços para a formação do cidadão. Mas, mesmo diante desse quadro pessimista, vê-se uma luz no fundo do túnel, que surgiu no Estado do Ceará. Conforme matéria do site “Terra”, Sobral, município do interior do Ceará, com cerca de 200 mil habitantes, é referência na Educação Básica, projetando no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) recorde para 2024.

 

Sobral iniciou sua reforma educacional em 1997, com investimento significativo das estruturas físicas, salário, material didático, merenda escolar e aquisição de recursos e tecnologias. A formação e a capacitação continuada de professores, além da criação de uma política de avaliação e monitoramento de aprendizagem dos alunos foram medidas adotadas no município.

 

A seleção meritocrática/técnica de diretores e coordenadores pedagógicos em escolas é outra medida que faz a diferença, afastando-se indicação política. Enfim, o país precisa parar de produzir leis desnecessárias e assegurar direitos, como o direito à Educação.

 

Como melhorar a Educação, sem reformular o sistema de ensino? Como formar cidadão num país em que a leitura é pouco ou nada estimulada? Como pode progredir um país que não valoriza a cultura e a literatura?

 

As políticas educacionais adotadas em Sobral nos dão esperança. As próximas gerações não merecem um “juvenicídio educacional”. Solução para o caos: adotar-se política educacional, como em Sobral; questionar mais; cobrar mais; votar bem; pensar mais; ler mais ...

 

*Adelmo Pinho é articulista, cronista e membro da Academia de Letras de Penápolis

 

** Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação

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