O homem de 38 anos que foi preso em um condomínio residencial de alto padrão na manhã desta sexta-feira (7) pela Polícia Civil em Araçatuba (SP), é suspeito de integrar uma suposta organização criminosa que envia drogas de Mato Grosso do Sul para diversos Estados brasileiros. Com ele foram apreendidos mais de R$ 200 mil em dinheiro e duas armas de fogo e munições.
Ele havia sido preso em uma operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de Araçatuba, realizada em 2018, contra integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Aquela investigação apontou que diversos traficantes de drogas, integrantes do PCC, estavam atuando em Araçatuba, Birigui e Penápolis, de forma coordenada, para a distribuição de entorpecentes. Em decorrência dessa operação, em 2019 ele foi condenado pela Justiça de Penápolis a 3 anos e 6 meses de prisão.
Nova investigação
Essa nova investigação é realizada pelo Gaeco de Mato Grosso do Sul, que apura os crimes de organização criminosa armada dedicada ao tráfico interestadual de entorpecentes, corrupção ativa e passiva, usura, comércio ilegal de armas de fogo e lavagem de capitais.
Segundo o que foi divulgado, a estrutura seria comandada de dentro do sistema prisional e contava com uma rede de colaboradores em Campo Grande, Aquidauana, Anastácio, Corumbá, Jardim, Sidrolândia, Ponta Porã e Bonito, além de integrantes nos Estados de São Paulo e Santa Catarina.
As investigações duraram aproximadamente 25 meses e revelaram que o grupo enviava drogas para cidades do interior de Mato Grosso do Sul e para os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Acre, Maranhão e Goiás, utilizando diferentes métodos.
Transporte
Esse transporte seria feito utilizando caminhões com fundo falso para garantir a ocultação dos entorpecentes. No compartimento de carga eram transportados produtos lícitos do gênero alimentício, acompanhados de nota fiscal, para dificultar eventual fiscalização.
Também seriam feitas remessas de drogas por meio de Sedex, utilizando os Correios, e em veículos de passeio e utilitários, inclusive por meio de passageiros transportados em vans.
Facção
Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, a investigação apontou vínculos da suposta organização criminosa com o PCC, que forneceria suporte por meio de membros de sua alta cúpula, para ampliar o tráfico e aplicar punições violentas a quem estivesse em débito com o grupo criminoso.
Foram identificadas práticas de extorsão mediante uso de arma de fogo, violência e restrição da liberdade de vítimas, justamente para a obtenção do pagamento de dívidas oriundas do tráfico de drogas e da usura, outra prática levada a efeito pela organização em tela.
Celular
A investigação teve origem na apreensão do celular do homem apontado como líder do grupo, que utilizava o aparelho no interior de uma cela de presídio no interior do Estado.
Assim, foi possível identificar a corrupção de servidores públicos, que garantiam a ele o acesso a celulares, informações sigilosas de sistemas restritos ao Estado e a permanência em presídios menores, de onde coordenava livremente as práticas ilícitas.
Operação
A operação desta sexta-feira recebeu o nome de “Blindagem”, justamente em razão da prática de corrupção de servidores, o que permitia a proteção durante o cumprimento das penas e a transferência de internos que consideravam inimigos.
Ao todo, foram expedidos 35 mandados de prisão preventiva e 41 de busca e apreensão para serem cumpridos nas cidades sul-mato-grossenses de Campo Grande, Aquidauana, Sidrolândia, Jardim, Bonito, Ponta Porã e Corumbá, além de Porto Belo (SC), Balneário Piçarras (SC), Itanhaém (SP) e Birigui. Esse foi o mandado cumprido em Araçatuba.