Opinião

Regulamentação das redes sociais

"A ideia aqui é refletirmos sobre um futuro premente e talvez inevitável dessa nova praça de bate-papo, agora digital e de amplitude praticamente ilimitada"
Da Redação
15/12/2024 às 10h10
Imagem gerada por Dalle-3, orientada por f7digitall Imagem gerada por Dalle-3, orientada por f7digitall

*Por Cassio Betine

 

Este assunto polêmico, que está em alta ultimamente, vem desafiando lideranças a pensarem soluções que, de um lado afetam a liberdade de expressão e, de outro, visam inibir excessos e desinformação. É realmente um dilema entre a opinião pública, principalmente entre os antigos modelos de comunicação que, declaradamente, afirmam que sua perda de audiência é resultado disso. Mas o foco dessa minha abordagem não é este. A ideia aqui é refletirmos sobre um futuro premente e talvez inevitável dessa nova praça de bate-papo, agora digital e de amplitude praticamente ilimitada.

 

Então vamos lá! Um dos motivos da adesão massiva das pessoas a essas redes sociais se deve em grande parte (talvez a maior) à facilidade do acesso à internet, que começou se popularizar rapidamente após o início desse século. Isso possibilitou que muita coisa migrasse para o digital, melhorando o desempenho operacional de diversos setores de mercado, como o da indústria e comércio, de instituições financeiras, educação, saúde e até mesmo do setor público. E claro, na cultura, no entretenimento, no esporte, enfim, em todas as áreas, se tornando um recurso onipresente no cotidiano das pessoas.

 

E essa complexa rede construída para que tudo isso possa fluir pelo mundo todo vem se atualizando de forma avassaladora, embarcando tecnologias cada vez mais sofisticadas, as quais permitem que novas ferramentas sejam criadas a todo momento, e isso, com certeza, transforma ainda mais o cenário que conhecemos agora para algo que nem temos ideia do que está por vir.

 

Por isso, é perfeitamente aceitável entendermos que qualquer tipo de regulamentação pode chegar atrasada, ou, na melhor das hipóteses, servir apenas para o que “tem pra hoje”, pois amanhã será outra coisa, haverão outras ferramentas, outros caminhos. Veja bem, nem mesmo o mercado, nem as universidades estão conseguindo formar profissionais a altura das necessidades demandadas pelo avanço das novas tecnologias, imagine então para os governos, que por questões óbvias precisam de tempo para criar leis concisas e funcionais? O dilema está bem aí.

 

O acesso à informação de hoje está bem diferente do que conhecíamos há bem pouco tempo atrás, onde a via de comunicação era uma espécie de mão única. A TV, o rádio, os jornais, as revistas e os livros sempre foram agentes emissores, onde a possibilidade de interação é restrita ou limitada. Hoje, além da interação imediata e abrangente entre público e fornecedor, também abriu-se uma nova porta de produção independente (podcasters, influencers, etc), e isso mudou a dinâmica do fluxo informacional. Essa é outra questão importante a ser considerada.

 

Recentemente, a Starlink, uma das maiores empresas de satélites do mundo, anunciou o lançamento de uma constelação de satélites de acesso à internet que cobrirá todo o planeta, permitindo que qualquer pessoa, em qualquer lugar da Terra, se conecte à rede. Quem irá impedir que um indivíduo, com um equipamento de mão razoavelmente simples e cada vez mais acessível (smartphone), não use essa rede da forma que quiser?

 

Outras tecnologias também avançam na liberdade de acesso e na proteção da identidade das pessoas, como o blockchain, por exemplo, que tem aplicação não apenas para transações financeiras, mas também servem como método de segurança e sigilo de dados individuais, assim como as tecnologias de conexão criptografadas e VPN (Virtual Private Network) que garantem anonimato de origem. Todas elas lícitas e devidamente permitidas por lei (além das clandestinas, que também existem).

 

Neste contexto, se o foco de possíveis soluções para esse tipo de problema apontar na direção de proibir, restringir ou bloquear ações antes mesmo que elas aconteçam, isso é censura prévia, é definir o que as pessoas devem fazer ou não. Quem deseja isso? Como dito antes, lembremos também que as redes sociais são uma extensão da praça pública e já existem leis para garantir a ordem, a justiça e os direitos e deveres entre os cidadãos. 

 

Boa reflexão!

 

*Cassio Betine é pós-graduado em Tecnologias na Aprendizagem, bacharel em Artes Visuais e Desenho Industrial. É coordenador e mentor de negócios e eventos; autor de livros, artigos e produtor de podcasts periódicos sobre Tecnologia e Inovação para mais de 70 rádios do Brasil. É fundador e coordenador de projetos da f7digitall Comunicação e empreendedor em outros negócios.

 

** Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação.

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