Por Adelmo Pinho
Existe limite de intervenção do Estado na vida do cidadão? O Poder pode tudo? Qual a linha limítrofe entre o uso do Poder e as liberdades do cidadão? O futuro nos reserva um Estado Totalitário mundial no Poder? A inteligência artificial (IA) será o instrumento do Poder contra o cidadão e suas liberdades? Fica para a reflexão ...
A cada dia a evolução tecnológica surpreende. Mas, como afirmou Immanuel Kant: “Não há nada que seja bom em si mesmo, inequivocamente”. Isso porque, uma coisa, na sua coisidade que a define, pode ser usada para o bem ou para o mal. Uma faca, por exemplo, pode ser usada para descascar batatas ou para matar alguém.
A intenção do uso da IA, assim, como da faca, é que definirá se será destinada para o bem ou para o mal. Uma plataforma digital tem Poder, por isso, deve ser regulada, como toda atividade humana. Em “mãos” erradas, pode causar desgraça de grande proporção.
Mas, a pergunta que se faz é: a IA pode colocar em risco a humanidade? Podemos estar a caminho de uma autocracia digital mundial? Essa preocupação foi apresentada pelo Historiador Yuval Harari, no “best seller”, “Sapiens”. O Poder, por sua vez, é um ente abstrato e metafísico.
Franz Kafka, em “O Processo”, chamou a atenção para o perigo de um Poder sem controle. A trama do romance se dá quando o personagem principal, Josef K. acorda certa manhã e é surpreendido por dois homens em seu quarto, anunciando a sua detenção e restrição de sua liberdade. Depois Josef é submetido a um processo longo, sem uma acusação específica ou direito a defesa. O fim do romance é trágico e retrata a opressão do Poder sobre o ser humano.
A “Pequena Fábula”, de autoria do mesmo autor, remete, também, a essa reflexão. Retomando o raciocínio sobre a tecnologia, a verdade é que a IA sabe mais de nós, que nós mesmos. Estamos sob monitoramento e controle da tecnologia por todos os cantos, no mercado, no médico, no trabalho ...
O homem está totalmente vulnerável pela falta de controle da IA e até a mente humana está submetida a esse fenômeno. Assim, que tipo de sociedade teremos no futuro? O que será do cidadão? Há risco de os governantes se eternizarem no Poder, usando – para o mal - a tecnologia? Como impedir a instalação de uma autocracia digital mundial, ou mesmo em cada nação? Será que o futuro nos reserva a profecia de George Orwell, na obra “1984”, ou seja, o totalitarismo?
*Adelmo Pinho é articulista, cronista e membro da Academia de Letras de Penápolis
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