Opinião

Literatura: caminho para transformação e ressocialização

"Em meio ao estigma que se cria sobre pessoas presas pela prática de crimes, existem ações que surpreendem e mostram que ainda existe esperança neste mundo"
Da Redação
18/09/2024 às 15h58
Foto: Arquivo Foto: Arquivo

Por Adelmo Pinho

 

A literatura pode ser definida como a arte da palavra ou da escrita. Necessariamente, ela não possui uma função utilitária, mas, pode tê-la, como mostrarei. Em meio ao estigma que se cria sobre pessoas presas pela prática de crimes, existem ações que surpreendem e mostram que ainda existe esperança neste mundo.

 

O Centro de Ressocialização de Araçatuba (SP) possui um folhetim cultural elaborado pelos reeducandos, sob a supervisão da direção da casa e parceria com agentes de educação da Escola Estadual “Professora Nilce Maia Souto Melo”, de Araçatuba. Trata-se de um projeto que visa estimular a expressão leitora, escrita e artística dos reeducandos, com o objetivo de transformação e ressocialização.

 

O nome do folhetim é sugestivo: ACREDITAR! Lendo um deles, dotado de contos e poesias, a sensação é de esperança no homem enquanto ser errante. Esse folhetim, conforme explicam seus idealizadores, surgiu entre 2019 e 2020, do programa “Lendo a Liberdade” realizado no C.R. de Araçatuba.

 

Desses encontros literários foram revelados talentos, como Adenilson Almeida de Souza, autor do livro “O Propósito de Piegas” e, inspirados por ele, outros 12 reeducandos escreveram e publicaram a obra “Histórias de Todos Nós”, uma coletânea de relatos de vida.

 

Sobre este livro, explica a Professora Organizadora, Maria Palmira Minholi Dias: “Em novembro de 2021 um aluno do ensino médio no Centro de Ressocialização de Araçatuba propôs a ideia de fazermos um livro, reunindo passagens reais dos internos. Vencendo a desconfiança inicial e o medo da exposição, as histórias foram pouco a pouco surgindo. Dramas, desencontros, tragédias, alegrias, medo e superações. Doze corajosos autores descobrem juntos que escrever pode se libertador”.

 

Sobre o folhetim, a tiragem inicial foi de 500 exemplares, sendo distribuído gratuitamente ao público. Esse projeto é exemplo do poder de transformação da educação, da cultura e da literatura.

 

Sábio o pensamento de Salamah Mussa: “Não é a beleza, mas sim a humanidade, o objetivo da literatura” . Escrever, de fato, liberta! A literatura é um jeito diferente de olhar o ser humano e a sociedade, propondo mudanças; ela nos aproxima e humaniza.

 

Uma informação extra importante sobre o C.R. de Araçatuba: quase a totalidade dos internos trabalha! Parabéns, assim, ao Diretor do C.R., Dr. Adelmo Pirão Júnior, e a todos os envolvidos nesse relevante projeto, em especial aos reeducandos!

 

*Adelmo Pinho é articulista, cronista e membro da Academia de Letras de Penápolis e da Academia Araçatubense de Letras

 

** Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação

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