Opinião

Inteligência Artificial: A Nova Musa das Artes Contemporâneas

"Na verdade, artistas de diversas áreas já estão se deliciando com as possibilidades dos chatsGPTs não apenas para expandir suas expressões criativas e técnicas, mas também para acelerar sua produção"
Da Redação
31/03/2024 às 09h25

Por Cássio Betine

 

O uso dessas tecnologias de inteligência artificial, como o GPT em chats, está realmente revolucionando a produção artística, oferecendo novas ferramentas para os criadores expandirem suas capacidades expressivas de forma rápida e até mesmo inovadora. E quando falamos em arte, não é apenas arte gráfica, visual, são praticamente todas as modalidades e expressões artísticas, como literatura, música, teatro, dança, cinema, escultura etc. Esses sistemas podem por exemplo gerar texto e música inspirando artistas a explorar territórios inéditos. Muitos DJs já exploram essas ferramentas e produzem muita coisa interessante, compartilhando novas formas e estilos surpreendentes. 

 

Tecnicamente, a capacidade de processar e analisar grandes volumes de dados permite que essas IAs em chats identifiquem padrões, formas, tendências e estilos bem variados, os quais podem ser usados para criação de obras que dialogam com movimentos artísticos históricos ou contemporâneos ou até mesmo bem inovadores - claro que podem surgir coisas bizarras, mas… faz parte. Isso acontece também sem as IAs, não mesmo? Além disso, a própria interatividade dos chats GPT possibilita uma forma de colaboração entre homem e máquina, onde o feedback imediato do sistema pode ajudar a refinar ideias e conceitos artísticos, em um universo quase ilimitado.

 

Na verdade, artistas de diversas áreas já estão se deliciando com as possibilidades dos chatsGPTs não apenas para expandir suas expressões criativas e técnicas, mas também para acelerar sua produção. Na literatura, muitos escritores utilizam a ferramenta para gerar ideias de enredo, diálogos e até mesmo poesia, aproveitando a habilidade do sistema em processar linguagem natural. Na música, compositores experimentam novas letras e harmonias criadas pela IA, e podem analisar vastas quantidades de composições para sugerir criações inéditas. Nas artes visuais, talvez a mais expressiva, esse recurso vem auxiliando na composição de texturas, padrões e elementos gráficos, fornecendo uma base para obras digitais, reprodução de pinturas tradicionais e criação de peças publicitárias.

 

O negócio está tão sofisticado que a pintura "O Retrato de Edmond de Belamy", uma obra criada por um algoritmo de aprendizado profundo, foi vendida em leilão como se fosse uma peça de arte tradicional por uma grana razoável. Na música, a IA já compôs "Daddy's Car", uma canção no estilo dos Beatles, demonstrando a habilidade de capturar e emular estilos musicais específicos.

 

O nome disso é arte generativa, um campo que se beneficia enormemente do GPT. Nela, os artistas programam regras e parâmetros que guiam o processo de criação, permitindo que a obra se desenvolva de forma autônoma. Um exemplo famoso no meio, é o “AARON”, um programa de computador criado pelo artista Harold Cohen, que produz pinturas abstratas. Essa abordagem permite que os artistas explorem a aleatoriedade e a complexidade dos algoritmos para criar obras que praticamente nunca seriam possíveis apenas com a intervenção humana.

 

E para quem é cético sobre o ingresso dessas novas tecnologias na civilização, é bom sempre lembrarmos que a partir do momento que o homem cria e usa novas tecnologias, nunca mais volta ao estado anterior. Ou seja, elas acabam sendo absorvidas e incorporadas de alguma forma pela humanidade.

 

Mas há uma observação muito relevante a ser feita, e que pouca gente se dá conta. Como fazer a pergunta correta para essas inteligências artificiais para obter a resposta desejada? Muita gente não sabe elaborar com precisão o que precisa, justamente por não saberem formular/compor corretamente a questão (tanto contextualmente, quanto gramaticalmente).

 

E isso é o que vai separar os que se beneficiarão dessa tecnologia dos que não. Ou seja, é fundamental que nos preparemos intelectualmente, enriquecendo e ampliando nosso horizonte de conhecimento e consciência para não sermos subjugados por esses potencializadores cerebrais.

 

*Cássio Betine é head do ecossistema regional de startups, coordenador de meetups tecnológicos regionais, coordenador e mentor de Startup Weekend e pilot do Walking Together. Cássio é autor do podcast Drops Tecnológicos

 

**Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação.

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