Opinião

Clones digitais

"A ideia deles é tornar a vida das pessoas mais simples, permitindo que elas se livrem de compromissos de rotina para que possam dar mais atenção para coisas mais importantes"
Da Redação
10/09/2023 às 18h33
Imagem: ChatGPT Canva orientado por f7digitall Imagem: ChatGPT Canva orientado por f7digitall

Clones digitais são réplicas virtuais de pessoas reais, criadas por meio de tecnologias como inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina. Esses clones são capazes de imitar a personalidade, comportamento, aparência e até mesmo a voz de uma pessoa, utilizando dados e informações disponíveis sobre ela na internet e em outras fontes.

 

Recentemente, uma startup japonesa chamada Alt Inc criou um sistema de produção de clone digital capaz de reproduzir com alto grau de semelhança física, com os mesmos trejeitos e com voz idêntica da pessoa clonada para que possa substituí-la durante atividades burocráticas do dia a dia, como por exemplo, a execução de processos padronizados como uma triagem clínica, onde as perguntas são praticamente as mesmas, ou numa entrevista preliminar de emprego. A ideia deles é tornar a vida das pessoas mais simples, permitindo que elas se livrem de compromissos de rotina para que possam dar mais atenção para coisas mais importantes. 

 

Mas os benefícios podem ir mais longe que isso. Os clones poderiam possibilitar a interação com pessoas que estão distantes ou que já faleceram, por meio de avatares ou hologramas muito realistas; aumentar a acessibilidade e a inclusão de pessoas com deficiências ou limitações, por meio de dispositivos que reproduzem suas vozes, gestos e expressões em lugares que não teriam acesso; melhorar a qualidade de vida e o bem-estar de pessoas que sofrem de solidão, depressão ou ansiedade, por meio de assistentes virtuais ou robôs que ofereçam companhia e apoio emocional; ampliar as oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento pessoal, por meio de plataformas que permitem experimentar diferentes realidades, cenários e situações.

 

Alguns executivos muito ocupados também poderiam “se duplicar” para estarem em vários lugares ao mesmo tempo e artistas muito requisitados também poderiam estar em vários programas de TV, sem nem mesmo terem que ajustar sua agenda.

 

Talvez isso possa fazer parte do nosso cotidiano num futuro não tão distante. Por incrível que pareça, apesar de muito caro (um avatar oferecido pela empresa citada, custa cerca de meio milhão de reais), várias pessoas já o compraram. Imagine então quando seu custo estiver mais acessível?

 

É claro que esses clones digitais podem causar impactos negativos na sociedade, pois existem preocupações éticas e morais com relação a eles e sua autonomia. Por exemplo, eles poderiam ser usados para espalhar desinformação ou manipular opiniões públicas, criando versões falsas de pessoas influentes e fazendo-as dizer coisas que nunca disseram. Também há preocupações com a privacidade das pessoas, pois a criação de clones digitais realistas poderiam envolver o uso indevido de informações pessoais sem o consentimento dos indivíduos.

 

Num contexto mais intelectual, a utilização dessas tecnologias poderia diminuir o senso crítico e a capacidade de discernimento das pessoas e reduzir a autenticidade e a singularidade delas, descaracterizando sua personalidade. Como vão lidar com isso não sabemos, mas que é possível conversarmos com um clone a qualquer momento, sim, é possível.

 

Por Cássio Betine

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