Opinião

Chão de Mato Grosso

"Outra lenda era que tudo por lá era resolvido no tiro. Um lugar onde alongavam-se bandidos. Onde predominava a lei do mais forte"
Da Redação
28/03/2024 às 15h27

Por Hélio Consolaro*

 

Aqui entre os paulistas, quase na divisa, nas rendas de São Paulo, tudo que vinha do Estado vizinho não era muito valorizado. Começava pela carteira de motorista. Pulávamos a divisa para comprar CNH. Não era bem assim, mas dizia-se. Houve uma época que era só um Mato Grosso, depois, em 1977, surgiu o Mato Grosso do Sul. São Paulo era um mundo civilizado, e do lado de lá do rio Paraná era sertão.

 

Outra lenda era que tudo por lá era resolvido no tiro. Um lugar onde alongavam-se bandidos. Onde predominava a lei do mais forte.

 

Viajei recentemente para lá para conhecer o Pantanal. Durante o trajeto de dois mil quilômetros (ida e volta) de ônibus, ouvi de alguns companheiros de viagem que mato-grossense é um povo preguição, não gosta de trabalhar. Uma extensão da visão que têm do povo originário, pois lá em Mato Grosso se vê o índio na cara do povo.

 

Nessa viagem, pensei que ia passar a mão na cabeça do jacaré. Que nada! Esse Pantanal genuíno não está disponível para turistas farofeiros. Lugares disponíveis para visitas, não mostram tudo.

 

Entre os dois estados, MT e MS, há dois mundos culturais: o cuiabano e o pantaneiro. O sul-mato-grossense gosta de se lincar ao Pantanal.

 

Posso dizer que depois de São Paulo, Mato Grosso do Sul é o Estado que mais conheço no Brasil. Antes de ir para Rosana, quase trabalhei em Três Lagoas, não fosse uma autoridade educacional me fazer uma proposta indecente e eu ser um jovem incorruptível.

 

Trabalhei numa escola particular de Araçatuba cuja coordenação funcionava em Campo Grande; atualmente pertenço ao Rotary, cujo distrito é MS inteiro mais um trecho do Oeste Paulista. Então minhas visitas ao chão de Mato Grosso são amiúde.

 

Para completar, meu filho fez (Campo Grande) e um de meus netos faz (Três Lagoas) graduação na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Piso sempre aquele o chão.

 

Lá em Mato Grosso (os dois, Sul e Norte), a Guerra do Paraguai não acabou. Principalmente em Corumbá. Ladário (30 mil habitantes), colada a Corumbá, é uma cidade essencialmente militar.

 

Em 13 de junho de cada ano, eles comemoram a resgate de Corumbá das mãos do Paraguai, depois de dois anos de jugo. É feriado nesse dia. Por lá se sente a presença do Exército e da Marinha (por causa da fronteira feita de rios).

 

O Brasil é um em cada região. Se tudo der certo, meu próximo passo é conhecer a Região Norte do Brasil.

 

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro das academias de letras de Araçatuba-SP, Andradina-SP, Penápolis-SP e Itaperuna-RJ

 

**Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação.

Entre no grupo do Whatsapp
Logo Trio Copyright © 2024 Trio Agência de Notícias. Todos os direitos reservados.