Opinião

A ressurreição nossa de cada dia

"Não precisamos morrer para saber se ela existe ou não. Apenas precisamos viver como alguém que já passou da certeza desesperadora da morte para a certeza da vida eterna"
Da Redação
31/03/2024 às 10h23
Foto: Divulgação Foto: Divulgação

Por José Márcio Mantello

 

O evangelho de Marcos, em seu capítulo 12 e versos 18 a 27, nos mostra que o primeiro grande questionamento que Jesus enfrentou foi simplesmente a respeito da doutrina mais fundamental do cristianismo: a Ressurreição.

 

O tema se tornou objeto de discussão universal entre religiosos, filósofos, teólogos, ateus, enfim, ninguém fica isento dessa controvérsia. Haverá sempre os que creem e os que não creem e, ainda, aqueles que simplesmente dirão que não podem expressar uma opinião.

 

Voltando ao episódio citado acima, esse questionamento decorreu de uma pergunta feita pelos Saduceus que eram um grupo que afirmava não existir ressurreição, nem anjos e nem espíritos (Livro de Atos 23:6-8).

 

Assim como muitos ainda hoje, eles rejeitavam a ressurreição, a crença na imortalidade da alma; diziam: "morreu acabou".

 

Nessa ocasião eles queriam mostrar a loucura, o absurdo da ressurreição e ridicularizar quem
acreditava nela.

 

Porém, o propósito de Jesus nunca foi convencer os homens através de suas palavras e muito menos desenvolver um sistema de “doutrinação” impositiva e dogmática.

 

Ele sempre optou em ensinar pela prática, nos mais variados cenários que a vida apresenta a cada dia. Assim, a própria ressurreição dele ensina-nos a como evidenciar, ao menos dar indícios, sobre a realidade da ressurreição. E a melhor maneira de “provar” a ressurreição é viver como um ressuscitado.

 

Na verdade, a ressurreição, necessariamente, não precisa ser um evento futuro, ou seja, pós-morte. Ela pode e deve ser experimentada em nosso dia a dia, ou seja, a crença na ressurreição após a morte, deveria afetar diretamente nosso viver hoje, nosso estilo de vida, nossas prioridades, nossa agenda, nossos valores, enfim, tudo que somos e fazemos.

 

A própria Ressurreição de Jesus nos ensina e nos desafia a vivenciá-la em nosso dia a dia, e isso, por algumas razões:

 

1. PORQUE ELA DEVE MUDAR A NOSSA PERSPECTIVA DE VIDA
Naquela manhã da ressurreição, as mulheres foram buscar Jesus onde Ele não estava mais. Elas foram tentar encontrá-Lo no cenário da dor, da desilusão, da angústia, nos resquícios da morte.

 

Não são poucas as vezes que cremos que vamos encontrar Deus em meio à nossa dor, quando, na verdade, Ele quer nos tirar do cenário da dor e da morte, para encontrarmos Ele na vida, na ressurreição.

 

Não é o nosso sofrimento (nosso vitimismo) que deve atrair Jesus, mas sim, a Sua ressurreição que deve nos arrancar do cenário da morte, da angústia, da dor, do abandono. Ao invés de pedirmos para Jesus vir para nossa tristeza, para nossa depressão, para nossa angústia, temos que pedir para Ele nos levar para a Sua vitória, para a Sua alegria, para a Sua Ressurreição!

 

2. PORQUE ELA TEM O PODER DE TRANSFORMAR O CENÁRIO DA NOSSA VIDA
É extremamente significativo o fato dos anjos que apareceram para aquelas mulheres naquela manhã e depois o próprio Jesus, terem mandado os discípulos irem se encontrar com Ele na Galiléia.

 

Aquela era uma região marcada pelo signo da desgraça, do preconceito; era uma região que fora estigmatizada (considerada maldita) ao longo da história.

 

Da mesma forma, a crença na Ressurreição ressignifica nossa vida, traz um novo sentido, transforma nossa história. Nosso passado, nossas origens, podem ter sido marcados pela escuridão, pelo descrédito, pelo preconceito, mas agora, sua vida é território por onde o Jesus Ressurrecto está passando e dando novo sentido, esperança de que a vida é muito mais que um período existencial (cronológico) entre nascimento e morte.

 

3. PORQUE ELA NOS FORNECE A FORÇA NECESSÁRIA PARA CONTINUARMOS ENFRENTANDO A VIDA
Quando olhamos para a história de homens e mulheres que viveram e até morreram por sua fé em Deus, só encontramos uma explicação: todos eles tinham convicção da Ressurreição! Todos sabiam que a morte física não era o fim, mas apenas a passagem para a verdadeira vida. Todos eles sabiam que a morte não tem mais a palavra final!

 

E quando se tem esse tipo de certeza, quando se vive fundamentado nessa verdade, nada poderá nos destruir ou intimidar.

 

A Ressurreição nos capacita com uma força sobrenatural. Por isso, é possível cantar, onde todos gemeriam; é possível se levantar, onde todos ficariam prostrados; é possível agradecer, onde todos murmurariam; é possível continuar, onde todos desistiriam!!!

 

Por tudo isso, a Ressurreição não pode ser apenas tema de catequese ou de um debate filosófico sobre sua existência.

 

Não precisamos morrer para saber se ela existe ou não. Apenas precisamos viver como alguém que já passou da certeza desesperadora da morte para a certeza da vida eterna.

 

Afinal, esse é o sentido da verdadeira PÁSCOA (Pessach = Passagem).

 

José Márcio Mantello é advogado criminalista na comarca de Araçatuba e Teólogo

Graduado em Direito pela UNITOLEDO; Pós-Graduação em Docência do Ensino Técnico e Superior pela UNITOLEDO; Pós-Graduação em Prática Penal Avançada pelo DAMÁSIO EDUCACIONAL; Especialização em Execução Penal pelo IDPB – Rio de Janeiro

Atuação no Tribunal do Júri

 

** Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação

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