Graciela Aparecida Franco Ortiz
Começo de ano para as famílias de crianças pequenas é sempre aquele momento de expectativa com o novo ano escolar, pois mesmo para aquelas cujos filhos continuarão na mesma escola, o novo ano é marcado por mudanças, seja de ciclo, de professores e/ou de amigos.
Muitas crianças iniciam a frequência na escola este ano e isso traz angústias sobre o período de adaptação da criança ao novo ambiente; mas mesmo para as crianças que já frequentam a escola, início do ano é sempre uma experiência nova e que também requer um tempo de adaptação. Por isso, tanto as famílias quantos as escolas devem estar preparadas para realizar o acolhimento delas de forma que se sintam integradas e pertencentes ao ambiente.
Creio que, assim como quando vamos escolher uma escola para que nossos filhos e filhas frequentem, há um fator importantíssimo e que poderá auxiliar este processo de adaptação: o relacionamento entre escola e família. Questão que muitas vezes passa pela construção desta relação e pela abertura que ambas as instituições apresentam para que ela seja construída.
Quando se trata de uma escola particular, partimos do princípio de que ela foi escolhida pelos adultos para que seu filho, sua filha estude. Claro que esta escolha está diretamente ligada às condições concretas da família, mas por se tratar de uma escolha, esse fator “relacionamento” deve ser levado em conta.
Ou seja, ao escolhermos a escola dos nossos filhos, precisamos verificar a abertura da escola para as famílias. Ela é uma escola que preza pela sua participação? É uma escola que demonstra facilidade de comunicação? Vocês pais, familiares se sentiram acolhidos pela direção e funcionários da escola? Se a resposta foi positiva, com certeza a instituição terá um manejo acolhedor tanto na adaptação e acolhida às crianças, quanto no desenrolar do ano.
Precisamos lembrar que é neste ambiente que nossas crianças passarão boa parte da vida e são com essas pessoas que nós pais, e familiares, vamos interagir ao longo deste período. Se a escola não abre espaço para participação da família, esta dificilmente poderá dar opiniões e ou mesmo solicitar auxílio quando necessário; e essa interação, essa relação família e escola é imprescindível para o desenvolvimento saudável da criança.
No entanto, se a princípio, este não foi um fator que fez com que a família escolhesse a escola, ou mesmo no caso das escolas públicas, nas quais geralmente as famílias não escolhem em qual escola irão matricular os/as filhos/as, pois isso se dá normalmente seguindo o critério da proximidade com a residência da família, essa relação deve ser construída, para o bem das crianças e do processo educativo.
Precisamos lembrar que educação é via de mão-dupla; uma escola não se faz sozinha e por mais que conte com uma equipe preparada para atender as necessidades das infâncias, é importantíssimo que as famílias estejam próximas do ambiente escolar, para que os profissionais possam entender as necessidades específicas de cada criança. Não se consegue fazer um acolhimento de fato quando não se olha para cada criança e cada família como única, e não se abre para conhecer sua história e o momento vivido por ela.
É também importante frisar que quando pensamos em acolhimento das crianças, não limitamos esta ação aos professores e professoras. Este deve estar presente em todas as ações da escola, em todos os momentos, por isso, todos os profissionais devem estar preparados e atentos para atender as necessidades das crianças.
Quando a escola tem as famílias próximas, estas também conhecerão a realidade da instituição e poderão auxiliar, participar e cobrar, quando necessário, nas mais variadas questões do universo escolar. Quando nos aproximamos da realidade dos professores, dos gestores, desenvolvemos maior empatia e admiração por estes profissionais, e isso muda muita coisa.
Esta proximidade, o estabelecimento desta relação de cooperação e entendimento de trabalho conjunto, só traz benefícios à criança e deve ser a meta de todos os pais, famílias e de todas as escolas.
Desenvolver práticas que tenham as crianças como sujeitos de direitos em desenvolvimento, entendendo que nosso papel como família ou como escola, é propiciar a vivência do direito a educação de forma respeitosa, no acolhimento e na permanência destas no ambiente escolar. E isso é desafiador, mas necessário, se de fato queremos que nossas crianças tenham uma infância feliz.
Graciela Aparecida Franco Ortiz
Mãe, Assistente Social, Pedagoga e Educadora Parental
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