Por Cassio Betine
Nos últimos anos, alguns cientistas e pensadores têm levantado uma hipótese provocadora: a de que a humanidade, do jeito que a gente conhece, pode estar caminhando para uma redução radical ou até mesmo para o seu fim – redução em quantidade mesmo. Essa ideia não nasce de um pessimismo gratuito, mas de reflexões de alguns cientistas e estudiosos sobre o avanço acelerado da tecnologia, especialmente da inteligência artificial, e sobre os impactos que ela pode ter na vida humana.
O argumento central desses caras parte da constatação de que máquinas inteligentes já superam os humanos em diversas tarefas específicas, como cálculos, diagnósticos, previsões estatísticas e reconhecimento de padrões. E cá entre nós, elas são muito melhores que muitos humanos que conhecemos, convenhamos. E se essa tendência continuar – o avanço é crescente, a humanidade poderia se tornar obsoleta em muitas áreas. Alguns chegam a sugerir que, para evitar riscos futuros, seria melhor reduzir drasticamente a presença humana ou até mesmo extingui-la, permitindo que sistemas artificiais assumam o controle da civilização para “fazer melhor”.
O embasamento não é à toa, está construído sobre alguns pilares, olha só: máquinas operam em escalas de velocidade e precisão inalcançáveis para o cérebro humano, funcionam com menos recursos do que sociedades inteiras e não carregam os mesmos impulsos destrutivos que os homens, como guerras, desigualdade, devastação ambiental etc etc. Há quem argumente que os humanos representam uma ameaça maior ao planeta do que as máquinas e projeções futuristas sugerem que, em poucas décadas, a inteligência artificial poderá atingir níveis de autonomia e criatividade comparáveis ou superiores aos humanos, tornando-nos de certa forma descartáveis, ou, na melhor das hipóteses, dispensáveis para algumas funções.
Bom, mas será que esse cenário é realmente provável? Na verdade, segundo os estudiosos sobre o tema, é possível sim que se concretize, mas talvez não na velocidade que preveem. A história mostra que transformações radicais levam tempo e dependem de outros fatores imprevisíveis (naturais ou comportamentais) fazendo com que a convivência entre humanos e máquinas tende a ser mais complexa do que uma simples substituição num estalar de dedos – tipo coisa dos filmes de ficção que um cérebro artificial comanda tudo. Portanto, essas transformações não são uma certeza, mas uma possibilidade teórica que depende de escolhas éticas, políticas e espirituais que fazem parte das nossas vidas.
Em vez de imaginar um mundo sem humanos, poderíamos, por exemplo, vislumbrar um futuro de convivência amigável entre homens e máquinas. Nesse cenário, as máquinas assumiriam tarefas repetitivas, burocráticas e de alta precisão, enquanto os humanos se dedicariam ao desenvolvimento espiritual, à criatividade, à arte e ao cuidado com o planeta. A tecnologia então seria vista como uma aliada, não como ameaça, ampliando nossa capacidade de viver com mais equilíbrio e consciência.
Por outro lado, é também possível – segundo a teoria citada, que sistemas artificiais poderiam evoluir para entidades autônomas dotadas de capacidades cognitivas tão assustadoramente superiores às humanas que tenderiam a interpretar a presença da humanidade como um fator limitante ou mesmo uma ameaça à estabilidade do planeta, e consequentemente levá-las a considerar a eliminação dos humanos como uma solução lógica para a continuidade da vida.
O debate sobre o fim da humanidade é complicado, mas essa evolução não silenciosa acende alerta e nos leva a refletir sobre os rumos que estamos tomando e sobre como queremos usar – ou estamos usando, as tecnologias que nós mesmos criamos. Talvez não seja necessário desaparecer para que o mundo se torne melhor.
Talvez o verdadeiro caminho seja mesmo aprender a coexistir com elas, permitindo que cuidem apenas do que é repetitivo e pesado, enquanto nós, humanos, poderíamos evoluir em direção a uma dimensão mais espiritual, mais nobre – como defendo, passarmos por um upgrade cerebral. Assim, talvez, o futuro pode não ser o da extinção, mas o da transformação: uma humanidade que se reinventa, convivendo com suas próprias criações e descobrindo novos sentidos para existir.
Cassio Betine: Pós-graduado em Tecnologias da Aprendizagem, Bacharel em Artes e Desenho Industrial. Coordenador e Mentor de Negócios e Eventos. Autor de livros, artigos e produtor de conteúdos diários sobre Tecnologia, Inovação e Comportamento. É empreendedor em outros negócios e fundador da F7Digitall.com – Tecnologia & Comunicação
**Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação