Opinião

A fronteira que desaparece - como os algoritmos estão se misturando em nossas vidas

"No mundo atual, difícil é dizer quem é o verdadeiro autor"
Da Redação
06/07/2025 às 10h50
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Por Cassio Betine

 

Nos bastidores da vida cotidiana, algoritmos inteligentes (também conhecidos como inteligência artificial) trabalham incansavelmente — discretos, mas onipresentes. Sem descanso, eles escrevem textos, geram imagens, editam vídeos, compõem melodias e até projetam produtos. Essa revolução silenciosa está redefinindo os contornos da criatividade humana, embaralhando as fronteiras entre o que é feito por pessoas e o que é criado por máquinas. No mundo atual, difícil é dizer quem é o verdadeiro autor.

 

Imagine assistir a um documentário com uma narração impecável, uma trilha sonora envolvente e imagens bem realistas de pessoas e cenários, ou ler um artigo como este, sem saber se foram produzidos por humanos ou por alguma inteligência artificial? Difícil saber quem fez, não é mesmo?

 

Você deve ter visto alguns vídeos que circulam ultimamente nas redes sociais que, embora bizarros, são bem realistas. As pessoas, as vozes, as ruas, os prédios, tudo parece de verdade, mesmo sabendo que se trata de uma IA – talvez pela bizarrice. Mas, e se fosse algo sério, será que conseguiríamos distinguir?

 

Essas produções audiovisuais são criadas a partir de um simples comando de texto, onde alguém escreve o roteiro e pede para o algoritmo produzir. O negócio vai além, para quem não sabe escrever o roteiro corretamente (ou, na linguagem correta, dar o prompt), existe outra ferramenta que ajuda a pessoa a escrever esse comando para garantir o melhor resultado possível.

 

Softwares como Runway, por exemplo, permitem que qualquer pessoa crie um vídeo cinematográfico, com efeitos visuais dignos de Hollywood. Já na arte gráfica, ferramentas como Midjourney e DALL·E conseguem gerar imagens tão expressivas que muitos acreditam serem obras de artistas profissionais.

 

O impacto é igualmente profundo na escrita. Desde redações escolares a tratados jurídicos, passando por romances e roteiros, as IAs vêm produzindo textos com coerência, estilo e fluidez notáveis – claro, desde que haja um bom script (roteiro) bem feito. Os algoritmos aprendem com bilhões de exemplos, imitam estruturas retóricas, sintaxes, adaptam vocabulários e até simulam tons emocionais. Muitos conteúdos editoriais em grandes portais já são parcialmente automatizados. Em resumo: estamos lendo máquinas sem perceber.

 

Essa onipresença dos algoritmos oferece vantagens incríveis. A escalabilidade é uma delas, pois potencializa a produção de conteúdo em larga escala e com muita velocidade – bem mais rápida e precisa que humanos.

 

A democratização da criatividade é outro ponto positivo. Pessoas sem habilidades técnicas podem criar obras sofisticadas se souberem utilizar corretamente essas tecnologias.

 

Isso serve para jornalistas, designers, educadores e advogados, os quais já estão usando esses algoritmos para agilizar tarefas repetitivas e liberar tempo para decisões mais estratégicas.

 

É claro que, como sempre digo, tudo tem prós e contras – os contras você já deve saber. Melhor então considerarmos como podemos literalmente conviver com esses algoritmos que estão cada vez mais parecidos com nós mesmos.

 

Talvez, daqui a alguns anos, olharemos para trás e perceberemos que as maiores revoluções criativas não vieram de mentes humanas — mas de máquinas que aprenderam a imitar nossa alma. Vai saber!

 

*Cassio Betine é head do ecossistema regional de startups, coordenador de meetups tecnológicos regionais, coordenador e mentor de Startup Weekend e pilot do Walking Together. Cássio é autor do podcast Drops Tecnológicos

 

**Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação

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