Opinião

A felicidade mora numa loja

"O negócio é Papai Noel trazer um presente ou fazer amigo secreto"
Da Redação
27/11/2025 às 16h01
Foto: Divulgação Foto: Divulgação

Por Hélio Consolaro*

 

Considero meus leitores inteligentes, todos, sem exceção, até aqueles que entendem uma coisa quando escrevi outra. Esse velhinho da foto, Zygmunt Bauman (1925-2017), que se parece um aposentado do INSS, é um sociólogo polonês. Pensou, pensou, pesquisou tantos os livros como a realidade e escreveu algumas verdades absurdas.

 

Aliás, todo velho entende bem da vida. É enconstar, cutucar, para ouvir uma enxurrada de sabedoria. Nem todos, há gente que acredita em Papai Noel. Tais criaturas são assim desde crianças, burrinhas, mas não são meus leitores.

 

Diz o polonês que a modernidade é líquida. Nada dura muito. Até os pastores pregam a teologia da prosperidade. O negócio é ficar rico, não importar como. Se os irmãos não enriquecem, pelo menos os pastores mudam de vida. Nesse Natal, e quase sempre, a felicidade mora numa loja. O negócio é Papai Noel trazer um presente ou fazer amigo secreto.

 

Nesse mundo moderno, as relações pessoais, carreiras profissionais e até mesmo a identidade passam por transformações rápidas e ininterruptas. Há homem e mulher trans. Em 2025, as previsões de Bauman continuam ressoando, evidenciando um futuro onde a incerteza se torna um estado perene. Os vínculos duradouros se transformaram pela volatilidade. Não se namora, fica-se.

 

Hoje, no entanto, a mudança é a norma. Vida eterna existe? Indivíduos se veem constantemente reinventando-se, mudando de emprego. A solidez é uma música antiga de Roberto Carlos, até os túmulos são abandonados no cemitério. A tradição sólida foi substituída pela modernidade líquida.

 

Os tipos de família são diversos. Ainda existe a matrimonial, mas cresceu descomunalmente a informal (união estável). Hoje, a mulher é o esteio da família, elas têm preferência no financiamento da casa própria, não abandonam facilmente a prole como o homem.

 

A minha idade me permite ser conservador, mas como sou da geração 60-70, da contracultura, tenho meus lampejos de modernidade. Moderno ou antigo, todos têm direito à vida. “Existem muitas maneiras de achar a felicidade, mas na sociedade de hoje todas passam por uma loja” (Zygmunt Bauman), mas não exageremos. 

 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro das academias de letras de Araçatuba, Andradina, Penápolis e Itaperuna.

 

** Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação

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