O Tribunal do Júri de Araçatuba (SP) se reúne nesta quarta-feira (13) para o julgamento de três réus denunciados por homicídio qualificado por motivo torpe, com emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima.
Willians dos Reis Carvalho, João Paulo Nascimento Jacinto e Nicolas Bruno Ribeiro da Silva são acusados de terem assassinado o servente Valdemirson Sampaio Batista, 43 anos, cujo corpo foi encontrado nu, em estado de decomposição, na “Cachoeira do Mosquito” , próximo ao córrego da Divisa, entre Araçatuba e Guararapes, em março de 2020.
Na denúncia do Ministério Público consta que a vítima namorava a mãe de Willians, que tem um irmão que na época era adolescente. Eles seriam contrários ao relacionamento. Ao tomarem conhecimento de que Valdemirson havia feito um empréstimo no valor de R$ 5 mil no nome da mãe deles, decidiram matá-lo.
Comparsas
Ainda de acordo com a denúncia, os dois irmãos teriam procurado João Paulo e Nicolas para auxiliar no crime. No dia 5 de março de 2020, João Paulo e o adolescente encontraram a vítima na rua Ary Barroso e a obrigaram a entrar em um VW Gol, no qual a levaram até a fazenda onde ocorreu o assassinato.
Após retirarem o servente do carro, os réus passaram a agredi-lo com socos, chutes e pauladas. Quando Valdemirson estava inconsciente, ele foi jogado no rio, provocando a morte. Segundo a denúncia, os denunciados fugiram do local e o corpo da vítima foi encontrado dias depois, em avançado estado de putrefação, impossibilitando identificar as lesões sofridas.
Identificados
O caso foi investigado em inquérito pela DH/Deic (Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais), que conseguiu identificar os autores do crime. A Polícia Civil representou pela prisão temporária dos investigados em dezembro de 2021, quando três deles já estavam presos por outros crimes.
Um deles residia no bairro São José e foi preso acusado de extorsão contra um empresário de Birigui, crime ocorrido em Penápolis. Ele seria conhecido por atuar como matador de aluguel.
O outro morava no mesmo bairro e estava preso por tráfico de drogas. Ele havia sido flagrado em maio de 2021 pelo GOE/Deic (Grupo de Operações Especiais) com 96 porções de cocaína escondidas na caixa de som do carro dele.
O terceiro suspeito foi preso em 5 de janeiro de 2022, também pela Polícia Civil. Ele se apresentou como torneiro mecânico, morador no bairro Mão Divina, e esteve espontaneamente na delegacia acompanhado de um advogado, para cumprimento do mandado de prisão temporária.
Os três também foram denunciados por corrupção de adolescente, devido à participação do irmão de um dos réus no crime.
Acusado alega que foi ao rio com a vítima para nadar
Em juízo, Willians dos Reis Carvalho, que era enteado da vítima, alegou que na ocasião do crime, pegou emprestado o VW Gol com o corréu Nicolas para visitar a filha dele. Na versão dele, após a visita, ele encontrou o irmão adolescente, João Paulo e a Valdemirson e os convidou para ir nadar.
Ainda segundo Willians, enquanto nadavam, a vítima teria começado a discutir com o adolescente e o agredido com socos, por isso revidou, defendendo o irmão. William alegou ainda que deu uma pancada na cabeça da vítima, que caiu no chão e por isso todos ficaram desesperados e fugiram, deixando-a no local.
Confirmou
João Paulo Nascimento Jacinto reforçou em depoimento em juízo que o corréu Nicolas não estava presente no local dos fatos, pois teria apenas o veículo dele para Willians. Na versão dele, Willians o chamou para irem até Guararapes pois ele possui habilitação e teriam que pegar a rodovia.
Ainda de acordo com ele, também estavam no carro o adolescente e a vítima. Segundo o corréu, durante o trajeto Willians teria pedido para ele entrar com o carro em uma estrada de terra e foram até a beira do rio. Nesse local os irmãos teriam passado a discutir com Valdemirson e a agredi-lo.
João Paulo disse que os chamou para irem embora, mas o adolescente teria passado a desferir pauladas na vítima, que ainda estaria viva e gemendo na beira do barranco, mas na água, quando eles foram embora. Por fim, alegou que deixaram a vítima no local porque estavam chegando outras pessoas e negou terem ido buscar a vítima na casa dela na ocasião.
Emprestou
Com relação ao réu Nicolas Bruno Ribeiro da Silva, ele negou ter participado do crime, alegando que naquele dia havia emprestado o carro para Willians. Ele disse que soube do caso apenas quando foi à delegacia prestar depoimento.
Os três réus seguem presos e o julgamento está previsto para começar às 9h, no Fórum de Araçatuba.