A Justiça de Araçatuba (SP) concedeu a liberdade provisória ao homem de 30 anos, que havia sido preso em flagrante por matar com um golpe de faca, Daniel Freire Devotti, 28, crime ocorrido na madrugada de sábado (18).
Na ocasião, a vítima teria invadido o estabelecimento comercial onde o autor estava, após arrombar o portão. Daniel estaria armado com uma tonfa, espécie de cassetete, e o acusado alegou que agiu em legítima defesa.
Segundo a assessoria de imprensa do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), durante a audiência de custódia, ainda no sábado, foi concedida a liberdade provisória, com imposição de medidas cautelares diversas da prisão, a pedido do Ministério Público. Não foram informadas quais são as medidas cautelares.
Ameaça
A reportagem apurou que a vítima já havia registrado um boletim de ocorrência contra Daniel, no início da madrugada de 14 de agosto. Nele, o investigado pelo homicídio informa que no dia 3 havia sido ameaçado e agredido por Daniel e por outro homem, mas não registrou o caso na polícia.
Na noite dia 13, porém, ele estava em um depósito de bebidas na avenida Pompeu de Toledo, e o amigo dele também teria sido agredido pela pessoa que estava acompanhada de Daniel, mas não quis registrar a ocorrência.
Ele disse que ao ver o amigo sendo agredido, aproximou-se, mas foi ameaçado para mão intervir. Na versão dele, o homem que acompanhava Daniel na ocasião estaria armado. Além disso, Daniel também teria ameaçado agredi-lo e, se insistisse, disse que o mataria.
Ainda de acordo com o autor das facadas, as ameaças por parte de Daniel seriam constantes, por motivo que seria apontado durante o inquérito policial.
Boate
No dia 17 de agosto, um segurança de uma boate na avenida Brasília também registrou boletim de ocorrência de ameaça e lesão corporal contra Daniel. Ele informou que na ocasião, viu Daniel tentando sufocar uma mulher dentro da boate e a mordê-la.
Ao tentar contê-lo, ele teria feito ameaças de morte ao segurança e também desferiu uma mordida no peito da vítima. Após ser retirado do estabelecimento por cinco seguranças, Daniel teria continuado tentando causar confusão.
Mulher
Na mesma madrugada, uma mulher que completaria 28 anos no dia seguinte, também registrou um boletim de ocorrência contra Daniel. Ela contou que manteve união estável com ele por 3 anos, mas haviam se separado naquele dia.
Já durante a noite, enquanto estava na boate acompanhada de uma amiga, ela teria visto uma ex-namorada de Daniel e fez uma brincadeira com ela. Isso teria irritado Daniel, que a puxou pelo braço e ele foi retirado da boate pelos seguranças.
Segundo a vítima, ação do ex-companheiro dela na ocasião deixaram marcas no rosto e no braço dela, que ainda permaneceu no local por cerca de duas horas com a amiga. Ao chegarem em casa, elas notaram que o carro da amiga dela, que estava estacionado na rua, havia sido danificado.
Por fim, a mulher disse que não era a primeira vez que teria sido agredida por Daniel e representou pelas medidas protetivas de urgência previstas na lei Maria da Penha.
Facadas
Ainda de acordo com o que foi apurado pela reportagem, essa mesma mulher era uma das pessoas que estavam no carro no qual Daniel foi até o estabelecimento comercial onde foi morto na madrugada de sábado.
Também estavam no veículo outra mulher de 31 anos e um homem 34 anos. Segundo o autor da facada, esse homem estava em uma ligação telefônica com ele quando, junto com Daniel, teriam passado a chutar o portão e gritar para abri-lo.
Eles teriam conseguido arrombar o portão e invadiram o imóvel. Ainda de acordo com o investigado, ao ver que Daniel estava de posse de uma tonfa, ele se armou com uma faca para se defender e o atacou com um golpe de faca na região abdominal esquerda.
Confessou
Daniel foi socorrido pelos amigos, mas não resistiu aos ferimentos. O próprio autor acionou a polícia, confessou o crime e foi preso em flagrante. A faca e a tonfa que estaria com Daniel foram apreendidos pela polícia para serem encaminhados para perícia, assim como os celulares dos envolvidos.
As duas mulheres foram ouvidas na delegacia, confirmaram que a morte seria em consequência de desentendimento anterior entre Daniel e o autor, mas afirmaram que não viram a facada.
Um inquérito será instaurado e encaminhado ao Ministério Público, que decidirá se deverá enviá-lo para julgamento pelo Tribunal do Júri. Enquanto isso, ele deve permanecer em liberdade.