Justiça & Cidadania

Júri de Birigui condena a 42 anos e 5 meses de prisão homem que matou casal e escondeu corpos debaixo de colchão

Vítimas tiveram os pescoços cortados com faca; companheira do réu foi condenada a 1 ano e 4 meses no regime aberto, por ajudar a esconder os cadáveres
Lázaro Jr.
13/11/2025 às 22h58

O Tribunal do Júri de Birigui (SP) condenou nesta quinta-feira (13), Washington Elias Reliquias de Souza Sarmento, a 42 anos, 5 meses e 12 dias de prisão pelos assassinatos e ocultação dos cadáveres de Jimmy Pereira da Silva, 21, e Caroline Batista Froes, 22.

 

A companheira dele, Kathlen da Silva Ferreira, 23, foi denunciada e condenada apenas por participação na ocultação dos cadáveres, a pena de 1 ano, 4 meses e 10 dias de reclusão. Os crimes ocorreram na madrigada de 23 de novembro de 2023, na residência dos réus, uma edícula localizada nos fundos da casa do pai de Kathlen.

 

No caso dela, a juíza Moema Moreira Ponce Lacerda, que presidiu o julgamento, determinou o regime aberto para início do cumprimento da pena. Já ele, não terá direito a recorrer e liberdade e foi levado de volta ao presídio após a leitura da sentença.

 

Julgamento

 

O julgamento aconteceu no Fórum de Birigui, teve início por volta das 9h e só terminou depois das 19h. O salão do Júri esteve lotado e a reportagem acompanhou alguns depoimentos. O primeiro a ser ouvido foi o policial civil que chefiou a investigação e relatou detalhes.

 

Washington não estava de uniforme do presídio e acompanhou atentamente os pronunciamentos. Cercado o tempo todo por dois policiais penais, ele aparentava nervosismo, pois permaneceu a maior parte do tempo balançando as pernas. Kathlen sentou-se do lado oposto, ao lado dos advogados, e não foi possível perceber nela o mesmo nervosismo.

 

Crime

 

O investigador de polícia explicou aos jurados, que diante do que foi apurado, a polícia entendeu que Washington cometeu os crimes por ter flagrado a companheira dele em possível ato sexual consentido com Jimmy. Tanto que após cometer os homicídios, ele teria dito para Kathlen: “você acabou com a minha vida”.

 

Em depoimento, Washington afirmou que era amigo de Jimmy, que depois de se encontrarem em uma conveniência, foram para a casa dele e da companheira dele, naquela madrugada, para continuarem bebendo e fazer uso de drogas.

 

Ainda na versão dele, ele e a companheira foram para o quarto e deixaram o casal para dormir em um colchão na sala. Após manter relação sexual com a companheira, ela teria dormido e ele teria voltado a se encontrar com o casal.

 

Os três teriam decidido manter relações sexuais juntos, mas Jimmy não teria conseguido, por isso, Washington teria pedido a ele que entrasse na casa e vigiasse, para que a companheira dele não visse que ele estava com Caroline.

 

Porém, Caroline teria falado que queria fazer mais uso de drogas, por isso ele entrou na casa para chamar Jimmy, mas o teria surpreendido no quarto dele, com as calças abaixadas e segurando a mão de Kathlen. 

 

Faca

 

Ainda de acordo com Washington, ao ver a cena ele, que já estava sob efeito de álcool e drogas, perdeu a cabeça e pegou uma faca que estava perto da cama. Em seguida, teria segurado Jimmy pelo pescoço com uma das mãos e, com a outra mão, cortou o pescoço dele com a faca. Depois, ainda desferiu golpes com a faca no peito da vítima.

 

Durante depoimento, o policial que atuou na investigação relatou que ao ser ouvido após ser preso no Paraguai, o réu contou que estava “serrando” o pescoço de Jimmy com a faca quando Caroline entrou no quarto. Ainda de acordo com ele, quando os corpos foram encontrados, a cabeça do jovem estava quase que separada do corpo.

 

Já o corpo de Caroline apresentava um ou dois cortes no pescoço e um ferimento em um dos olhos. Washington disse em depoimento que desferiu apenas um golpe de faca no pescoço da jovem, pois ao ver que ele havia esfaqueado Jimmy, teria corrido para a sala para chamar a polícia e o resgate.

 

Na versão dele, o ferimento no olho dela pode ter sido causado quando ela caiu ao ter o pescoço cortado. Ele contou ainda que após os crimes eles foram para a rodoviária com um motorista por aplicativo. Porém, antes ele teria ido até um rio perto da casa onde moravam e jogado os celulares das vítimas nesse rio. Os celulares não foram encontrados e a polícia acredita que Washington os tenha vendido para conseguir dinheiro para auxiliar na fuga.

 

Sozinho

 

Em depoimento, Washington assumiu toda a culpa sozinho, tanto dos homicídios quanto da ocultação dos cadáveres. Ele disse que após vê-lo matar as vítimas, Kathlen entrou em estado de choque e por isso a colocou no banheiro para tomar banho e foi ocultar os corpos. Depois, foi limpar a casa.

 

Quando saiu do banheiro Kathlen ainda estaria em choque e teria entrado em crise, por isso, a deixou sentada em uma cadeira na sala, enquanto ele fez todo o serviço, incluindo preparar as malas que utilizaram na fuga.

 

Ajuda

 

Em depoimento, o policial que atuou nas investigações relatou que os corpos estavam muito bem enrolados em lençóis e demais peças de roupa, as quais inclusive foram enroladas nos pescoços das vítimas para estancar o sangramento.

 

Além disso, os cadáveres foram encontrados debaixo de um colchão de mola, que seria muito pesado para ser manuseado por uma única pessoa, o que seria indício da participação de Kathlen na ocultação dos corpos.

 

Condenados

 

Durante o julgamento, o promotor de Justiça Rodrigo Mazzilli Marcondes pediu a condenação dos réus de acordo com a denúncia, ou seja, por duplo homicídio qualificado pelo emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa das vítimas, além da ocultação do cadáver, no caso de Washington, e ocultação do cadáver no caso de Kathlen.

 

O Júri, composto por seis mulheres e um homem, por maioria decidiu pela condenação, atendendo na íntegra o pedido do Ministério Público. Ao calcular a pena, a juíza levou em consideração que o réu possui antecedentes.

 

Também foi levado em consideração, como atenuante, o fato de ele ter confessado a autoria do crime, apesar de ter alegado que teria agido em legítima defesa.

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