A defesa da jovem Júlia Moretti de Paula, 21 anos, presa na manhã desta segunda-feira (24) ao ser apresentada na delegacia em Araçatuba (SP), afirma que ela teria sido coagida a participar do assalto em um edifício de alto padrão em Ribeirão Preto.
Ela era considerada foragida desde 24 de setembro, pois foi identificada pela Polícia Civil por meio de imagens de câmeras de monitoramento durante a ação criminosa. A investigação apontou que os moradores em ao menos seis apartamentos foram assaltados, causando prejuízo que pode passar dos R$ 4 milhões.
Segundo o advogado José Márcio Mantello, contratado para fazer a defesa de Júlia, ela trabalhava como acompanhante de luxo e teve os serviços contratados por um dos integrantes do grupo que praticou o assalto, para acompanhá-lo até uma cidade do litoral paulista.
Boa aparência
Ainda de acordo com ele, a investigada teria passado cerca de quatro dias com essa pessoa, que nesse período teria apresentado a ela o plano do roubo. Na versão informada ao advogado, o contratante teria dito a Júlia que por ela ter boa aparência, poderia ajudar, tendo acesso ao condomínio, para fazer fotos.
Como precisava do dinheiro, a investigada teria concordado, mas depois o contratante teria passado a requerer outros serviços, inclusive feito os documentos falsos utilizados por ela para assinar o contrato de aluguel do apartamento que foi utilizado para facilitar o assalto.
Ainda de acordo com a defesa, Júlia teria recusado participar dessa forma do roubo, mas teria sido coagida, por meio de apresentação de fotos da casa dos pais dela e também da filha dela, assim acabou concordando em dar sequência ao plano do assalto.
Sem liderança
Mantello afirma ainda que não procede a versão da polícia, de que Júlia seria uma das mentoras intelectuais do assalto. Ele cita o fato de ela ser a única que estava com o rosto à mostra, teria sido uma das condições impostas para ela participar do assalto. “Não faria o menor sentido ser a chefe da suposta organização criminosa e ser a única a ter o rosto exposto”, argumenta.
De acordo com a polícia, cada integrante do grupo que praticou o assalto teria recebido cerca de R$ 15 mil com a venda das joias roubadas. Porém, segundo o advogado, Júlia não teria ficado com nenhum valor, por ter fugido às pressas.
Ela teria passado todo esse período em que ficou foragida, em uma cidade no Estado do Paraná, a menos de 70 quilômetros do Paraguai. Para se manter, teria gastado as economias referentes ao dinheiro que havia recebido como garota de programa.
Como o dinheiro acabou, ela fez contato com um amigo que foi buscá-la de carro e a trouxe para Araçatuba, para que se apresentasse à polícia.
Revogação
Com a apresentação da cliente à polícia, o advogado irá pedir a revogação da prisão preventiva dela para a Justiça de Ribeirão Preto. Os argumentos são de que não haveria mais fundamentos para a prisão, já que ela se apresentou espontaneamente e irá colaborar com as investigações.
Além disso, será justificado que ela é mãe solo de uma menina de 3 anos, que estaria abalada emocionalmente devido à ausência da mãe. Caso não consiga revogar a prisão, a defesa recorrerá às instâncias superiores.