O motorista Diogo dos Santos Vaz, 36 anos, que morreu na última sexta-feira (5) após ter a moto que conduzia atingida por um ônibus do transporte coletivo em Araçatuba (SP), era réu em processo por dupla tentativa de homicídio. O julgamento pelo Tribunal do Júri estava marcado para o próximo dia 29 de fevereiro.
Ele foi denunciado pelo Ministério Público, acusado de ter atropelado propositalmente o ex-vereador Evandro Carlos Molina e um filho dele, crimes ocorridos na madrugada de 20 de setembro de 2018.
Segundo a denúncia, recebida em julho de 2021, os crimes aconteceram por volta das 3h30 daquela madrugada, na rua Rodamante Ferreira, no bairro Nobreville, após desentendimento em um comércio de espetinhos do ex-vereador.
Em depoimento Molina relatou que na ocasião recebeu uma ligação do irmão dele informando que Vaz estava na casa dele, revoltado. Ao chegar na casa do irmão ele viu um veículo VW Golf parado na esquina e foi conversar com o condutor, que teria passado a acelerar e rodar o veículo no meio da rua, dando “cavalo de pau”.
Cavalo de pau
A vítima disse que tentou conversar com o réu, que alegava que o filho dele havia batido com o capacete no carro. Apesar de ter tentado diversas vezes negociar, afirmando que pagaria pelo reparo no veículo, Vaz teria continuado acelerando o carro e até batido em um poste.
Em seguida, teria passado a ameaçá-lo, dizendo que voltaria e mataria ele e o filho. O ex-vereador disse que passou a gravar a ação, mas quando guardava o celular, foi atropelado pelo autor, que teria jogado o carro na direção dele de forma intencional.
Ele ainda teria pulado ao perceber que seria atingido, mas foi jogado contra o para-brisas, bateu a cabeça, lesionando o nariz e a testa, e teria sido socorrido inconsciente, mas não chegou a ficar internado. Já o filho dele, que provavelmente teria tentado ajudá-lo, foi atingido e sofreu uma lesão no joelho.
Filho
Também em juízo, o filho de Molina contou que trabalhava no espetinho do pai dele e que Vaz foi ao comércio e pediu uma cerveja, sem ter dinheiro para pagar, alegando que conhecia o tio dele. Após ser atendido ele teria pedido outra cerveja de graça, mas não foi atendido.
O jovem teria pedido para que deixasse o local, o que teria causado revolta no réu, dando início uma discussão. A partir daí o réu teria ido ao carro dele e voltado várias vezes para discutir. A vítima disse que após fechar o comércio, Vaz estava com o carro parado no meio da rua e teria voltado de ré, tentando atropelá-lo, junto com outros funcionários, por isso teria batido com o capacete no veículo.
Quando já estava em casa houve a ligação informando que Vaz estava na casa do tio dele querendo conversar, por isso foi ao local acompanhado do pai. O jovem confirmou que o réu estava dentro do carro e passou a dar “cavalos de pau” na rua. Ele disse que enquanto o aguardavam sair do veículo para conversar, os dois acabaram sendo atropelados propositalmente.
Negou
Ouvido em juízo, Vaz alegou que o desentendimento teve início porque funcionários do estabelecimento estariam tirando “sarro” de um rapaz ao qual ele teria pedido para retirar o carro dele, que havia sido estacionado na contramão.
Ele disse que “estava um pouco bêbado” na ocasião e que havia falado ao filho de Molina que conhecia o pai e tio dele, mas teria sido chamado de mentiroso pelo jovem, ocorrendo uma troca de empurrões.
O réu alegou ainda que quando deixava o local percebeu que havia quatro motos atrás dele, conduzidas por funcionários do estabelecimento, que passaram a provocá-lo. Nesse momento, o jovem teria batido com o capacete no carro dele e os outros funcionários teriam chutado o veículo. Por isso falou que iria na casa do tio dele reclamar.
Vaz alegou que ficou dentro do carro aguardando Molina chegar para conversar, mas ele teria aparecido de carro, junto com os funcionários que estavam de moto. Todos teriam partido para cima dele, que ficou com medo e teria arrancado com o Golf, vindo a atingir as vítimas.
Por fim, negou que tenha ameaçado matar alguém e alegou que estava de “sangue quente”, querendo resolver o problema naquele horário, pois viajaria no dia seguinte. Falou ainda que não recordava se havia dado “cavalo de pau” no meio da rua, mas que pode ter feito alguma manobra com o carro.
Com a morte de Vaz, o processo deve ser arquivado.