Justiça & Cidadania

Com ajuda de assistente social, detento reencontra a família após 13 anos

José (nome fictício) tem 29 anos, cumpre pena na penitenciária de Valparaíso e acreditava que iria morrer sem ver a família de novo
Da Redação
19/10/2023 às 11h34
Através de vídeo, reeducando recebeu mensagem de apoio de familiares que não tinha contato há 13 anos (Foto: Divulgação) Através de vídeo, reeducando recebeu mensagem de apoio de familiares que não tinha contato há 13 anos (Foto: Divulgação)

Após 13 anos sem ter notícia dos familiares, José (nome fictício), que tem 29 anos e cumpre pena na Penitenciária de Valparaíso (SP), foi surpreendido com um vídeo com mensagens de dois irmãos. As imagens foram apresentadas de surpresa, durante a sexta edição da Jornada da Cidadania, Trabalho e Renda, promovida pela direção da unidade.

 

A unidade prisional é subordinada à Croeste (Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Oeste) e, segundo o que foi divulgado, o tema da ação neste ano foi “O homem, enquanto um ser social”. A programação teve várias atividades realizadas no período, incluindo a retomada do contato do interno com os familiares.

 

O reencontro foi possível graças à iniciativa da assistente social Juliana Biral da Silva. Segundo o que foi divulgado, ela havia prestado atendimento anterior ao sentenciado, que contou a história de vida dele e manifestou o interesse de reaproximação com os familiares.

 

Buscas

 

A busca pelos irmãos do interno foi feita através do sistema de Saúde e localizada uma irmã, que reside no Estado de São Paulo, e o contato foi feito por telefone. Na ocasião, a assistente social informou a sobre situação do reeducando, falou da importância de manter os vínculos de afetividade, o que poderia ser feito por correspondências, e-mail e visita presencial.

 

Ainda segundo Juliana, a irmã do interno explicou que a mãe dela e os irmãos residem no Estado da Bahia e se emocionou, revelando que havia procurado pelo irmão, não o encontrou e demonstrou interesse em revê-lo.

 

Esperança

 

Segundo o que foi divulgado, após ver o vídeo com mensagens de dois irmãos, durante a cerimônia na presença de demais encarcerados, José comentou que acreditava que iria morrer sem ver a família de novo.

 

“Pensar na minha irmã e sobrinhos é o que me dava forças para continuar. Já quis tirar minha própria vida, mas pensava neles. Eu ainda estava com a mente voltada para o crime. Quando vi o vídeo da minha família mudei meus planos, porque sei que tem alguém para me apoiar e recomeçar de novo. Penso em reencontrar minha mãe e pedir perdão. Eu sei que eles não desistiram de mim”, declarou.

 

Ele acrescentou: “Foi muita emoção, chorei muito, foi um alívio em saber que estão bem. A saudade aumentou, mas me sinto melhor agora. A Jornada da Cidadania, os projetos, os atendimentos, podem mudar a vida das pessoas, pois um atendimento mudou minha vida, e fazer com que as pessoas presas nunca desistam dos seus objetivos. Só tenho a agradecer por reencontrar minha família. Deus tem um plano na minha vida”.

 

Programação

 

No período da 6ª Jornada, foram ministradas várias palestras, realizados atendimentos de saúde e jurídicos, entre outros. Em uma das atividades, foi promovido um momento de reflexão desenvolvido pela Escola Champagnat da cidade de Adamantina, “Face a Face com Jesus”. Os colaboradores Tainã de Paula e Reginaldo conduziram os privados de liberdade, por um curto período, a viverem uma profunda experiência de fé.

 

A dinâmica consistiu em uma explanação sobre a importância da fé e da oração e, após, de olhos vendados, os sentenciados adentravam uma tenda onde se encontravam com o voluntário caracterizado como Jesus Cristo chagado e ferido.

 

A Jornada

 

Para o diretor técnico da unidade, Edicarlos Rodrigues Alves, a Jornada vai muito além da prestação de serviços. “É possível utilizar ferramentas que, bem empregadas, podem resgatar histórias de vida e intermediar os vínculos familiares, que muitas vezes estão fragilizados ou rompidos pelo aprisionamento, com objetivo do retorno responsável do privado de liberdade a sua família e sociedade”, enfatiza.

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