A Justiça de Mato Grosso do Sul decretou a prisão preventiva do comerciante de Araçatuba (SP), investigado por estelionato, acusado de aplicar uma série de golpes na venda de veículos. Ele, que completará 51 anos no próximo sábado (20), foi capturado na noite de segunda-feira em São Paulo e encaminhado ao 73º DP (Distrito Policial), de onde deve ser transferido para Campo Grande (MS) para ficar à disposição da Justiça.
O investigado havia sido preso em dezembro do ano passado também em São Paulo, por equipe da DEDFAZ (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações, Falimentares e Fazendários) da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Ele passou a ser investigado após uma moradora na capital sul-mato-grossense denunciar à Polícia Civil ter adquirido com ele um caminhonete VW Amarok avaliada em R$ 260.000,00 e uma SW4, para o esposo dela, de R$ 370.000,00, e não terem recebido os veículos.
O investigado atuava havia vários anos no comércio de veículos, inclusive tendo sido sócio de um estabelecimento comercial do tipo em Araçatuba. Porém, após receber o dinheiro ele deixou de cumprir as promessas de entrega dos veículos adquiridos, houve o pedido de cancelamento da compra, com a restituição dos valores pagos, mas o acusado teria deixado de responder às vítimas.
Após ser instaurado inquérito pela Polícia Civil de Campo Grande, foi constatado que haviam sido registrados pelo menos outros 30 boletins de ocorrência contra o acusado no Estado de São Paulo, principalmente em Araçatuba, também relacionados à venda de veículos.
Preso
Em dezembro o comerciante teve a prisão preventiva decretada, foi encontrado hospedado em um flat no bairro Aclimação, na capital paulista, e capturado. Porém, dias depois a prisão preventiva foi revogada, atendendo aos argumentos da defesa, representada pelo advogado Thiago de Barros, do escritório Barile e Barros Advogados, de Araçatuba.
Entre os argumentos para convencer a Justiça está o fato de que o comerciante não estava foragido e que os crimes investigados foram anteriores a uma internação clínica do investigado, não havendo fatos novos que justificassem a prisão preventiva. Houve recurso contra a decisão por parte do Ministério Público Estadual e o TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) acatou o pedido, revogando a liberdade provisória.
Prejuízo
Desde então, o investigado respondia ao inquérito em liberdade. Segundo o que foi apurado pela reportagem, uma das justificativas para a decretação da nova prisão preventiva do comerciante foi o valor total do prejuízo causado pelos supostos golpes aplicados por ele, que ultrapassariam R$ 12.000.000,00, segundo o que teria sido relatado por uma testemunha ouvida.
A Justiça acatou o argumento de que além de ter enganado as vítimas de Campo Grande, ele teria aplicado o mesmo golpe em várias outras vítimas em Araçatuba. Assim, considerou que não seria um caso comum de estelionato, mas sim, uma sequência de crimes, o que demonstraria habilidade em replicar o mesmo golpe, o que demandaria uma atitude mais enérgica.
Vai recorrer
A reportagem procurou a defesa do comerciante, que informou que irá recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), com o objetivo de demonstrar que não há necessidade da prisão cautelar e permitir que ele permaneça em liberdade durante a tramitação da ação penal.