O Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo) divulgou nota lamentando o reajuste salarial de 5% anunciado pelo governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) às polícias.
Segundo a entidade, o percentual é insuficiente para recompor a inflação acumulada nos últimos dois anos, em torno de 10%: 4,62%, em 2023, e 4,83%, em 2024, e o índice gerou muitas manifestações negativas por parte da categoria nas redes sociais.
De acordo com o que foi divulgado, durante a campanha eleitoral de 2022, houve a promessa de que as Polícias de São Paulo estariam entre as melhores do País no aspecto salarial.
O último - e único - reajuste concedido por Tarcísio, de 20%, em média, ocorreu em 2023, com o compromisso de que, nos anos seguintes, haveria novos aumentos salariais, especialmente para a Polícia Civil, que, injustificadamente, recebeu percentuais menores à época.
Em março de 2024, data-base da classe, não teria ocorrido sequer a correção das perdas inflacionárias, o que se repetiu em março de 2025. Na semana passada, o governador anunciou 5% para o funcionalismo estadual em geral.
Frustração
Em nota, a presidente do Sindpesp, delegada Jacqueline Valadares, chama a atenção para a frustração dos policiais civis. “O percentual ficou aquém das expectativas e gerou muita indignação da classe, cujos vencimentos têm sofrido expressiva perda no poder de compra”, comenta.
De acordo com ele, com esses 5% não é possível subir sequer uma posição no Ranking Nacional dos Salários dos Delegados. “Continuamos no vergonhoso 24º lugar, embora São Paulo seja o estado mais rico do Brasil”, declara.
Ela argumenta ainda que em 2023, quando o governo do Estado preteriu a Polícia Civil em reajuste concedido às Forças de Segurança, houve promessa de que a injustiça seria corrigida - o que ainda não se efetivou.
Dinheiro
O sindicato argumenta que São Paulo fechou 2024 com R$ 275 bilhões de arrecadação - alta real de 8,8% sobre 2023. “Essa defasagem salarial só agrava o já alarmante déficit de quase 15 mil servidores na Polícia Civil”, diz.
Jacqueline comenta que muitos delegados se desestimulam com os baixos salários e buscam oportunidades em outros estados, por conta de melhor remuneração. “A valorização da Polícia Civil de São Paulo é indispensável para impedir a evasão, motivar os profissionais e aliviar a sobrecarga de trabalho atual”, destaca.
Lei Orgânica
A expectativa, agora, segundo Jaqueline, é que a distorção salarial possa ser corrigida no projeto da nova Lei Orgânica da Polícia Civil, que será encaminhado, em breve, à Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo).
Porém, ela informa que há uma certa tensão sobre o que pode vir no projeto, até porque os policiais esperavam mais desses quase três anos de governo. “Contamos com que o governador reveja sua posição e proponha um sistema remuneratório justo, capaz de resgatar a dignidade dos delegados de Polícia e que reconheça a relevância e a complexidade das atribuições desses valorosos profissionais”, enfatiza.