Neste domingo (28), é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, data instituída no Brasil para homenagear os auditores fiscais do trabalho mortos em 2004, na cidade de Unaí (MG), durante uma fiscalização para averiguar denúncias de trabalho escravo, no episódio conhecido como “chacina de Unaí”.
De lá para cá, o combate à prática tem se intensificado. O MPT (Ministério Público do Trabalho) na 15ª Região, cuja circunscrição abrange 599 municípios do interior de São Paulo e litoral norte paulista, recebeu 326 denúncias de trabalho análogo à escravidão no ano de 2023, um crescimento de 89,5% em relação ao ano anterior, quando o MPT recebeu 172 denúncias.
Na região de Araçatuba, foram sete denúncias, contra oito recebidas em 2022, de acordo com o órgão. Já a região de São José do Rio Preto teve um aumento expressivo nas denúncias, passando de 4 em 2022 para 63 em 2023.
O número de TAC (Termos de Ajuste de Conduta) celebrados com empregadores que reduziram trabalhadores à condição análoga à escravidão, ou que se utilizaram do tráfico de pessoas, também cresceu na Regional da 15ª Região: em 2023 foram firmados 76 TACs e, em 2022, 53 TACs, um aumento de 43,3%. Em 2022 foram ajuizadas 9 ações civis públicas contra pessoas ou empresas flagradas cometendo a prática de trabalho escravo, e em 2023 foram ajuizadas, também, 9 ações civis públicas com este objeto.
Trabalho
Para o coordenador regional da Conaete (Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo), Marcus Vinícius Gonçalves, os números demonstram o resultado do trabalho articulado das instituições que combatem a prática. “Temos observado que houve um agravamento da precarização no ambiente de trabalho, por isso, acreditamos ser necessário intensificar o trabalho de conscientização da população acerca da importância da denúncia. O trabalho escravo ainda existe, inclusive nos grandes centros urbanos, e apenas por meio da denúncia é possível tirar os casos da obscuridade e trazê-los à superfície, onde é possível levar justiça às vítimas e responsabilizar os culpados”, esclarece o procurador.
O número de audiências extrajudiciais conduzidas por procuradores do Ministério Público do Trabalho em casos de trabalho escravo, no ano de 2023, foi de 104, enquanto em 2022 foram realizadas 76 audiências.
Números nacionais
Somente no ano passado o MPT recebeu, em todo o Brasil, 3.406 denúncias sobre trabalho escravo, o que representa um aumento de 39% em relação a 2022 (que registrou um total de 2.092 denúncias). A Regional de Minas Gerais lidera o ranking, com 500 denúncias, seguida pela Regional de Campinas, com 326 denúncias, a Regional do Rio Grande do Sul (307) e aquela que abrange a região da Grande São Paulo e baixada santista (300). No ano passado, também houve crescimento no número de TACs e na quantidade de ações civis públicas sobre o tema ajuizadas pela instituição.
Durante 2022, os grupos móveis de fiscalização de trabalho escravo resgataram 2.575 trabalhadores de condições análogas à escravidão durante 432 operações realizadas em todo o Brasil. Em 2023 houve um aumento de 24%, com um total de 3.190 trabalhadores resgatados. Integram os grupos a SIT (Secretaria de Inspeção do Trabalho) do Ministério do Trabalho e Emprego, o MPT, o MPF (Ministério Público Federal), a DPU (Defensoria Pública da União), a PF (Polícia Federal) e a PRF (Polícia Rodoviária Federal), entre outros órgãos.
Denúncias recebidas em 2022 por região
Araçatuba – 8
Araraquara – 4
Bauru – 23
Campinas – 53
Presidente Prudente – 5
Ribeirão Preto – 25
São José do Rio Preto – 4
São José dos Campos – 22
Sorocaba – 28
Denúncias recebidas em 2023 por região
Araçatuba – 7
Araraquara – 5
Bauru – 34
Campinas – 87
Presidente Prudente – 6
Ribeirão Preto – 46
São José do Rio Preto – 63
São José dos Campos – 40
Sorocaba – 38