Outubro chegou e, com ele, a Campanha Outubro Rosa, que tem contribuído para detectar precocemente a segunda forma de câncer com maior incidência no país: o câncer de mama. A campanha tem como objetivo despertar, em mulheres acima de 40 anos, a importância de realizar a mamografia anualmente.
O mastologista do CTO (Centro de Tratamento Oncológico) da Santa Casa de Araçatuba (SP), Caio Saito, ressalta que exames anuais de mamografia podem reduzir a mortalidade pela doença em até 30%. “O exame permite identificar a doença em fases nas quais a paciente não sente nada, como em casos de microcalcificações", explica.
O especialista reforça a recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia, de realizar o exame anualmente a partir dos 40 anos, para pacientes de risco habitual. "Aquelas que têm histórico familiar de câncer de mama ou alguma alteração genética, talvez precisem iniciar o rastreamento mais cedo" , orienta.
Saito alerta ainda que o autoexame, prática que foi popularizada em décadas passadas, não substitui a necessidade de realizar a mamografia, uma forma de rastreamento eficiente, por suas imagens de alta qualidade, que revelam sinais precoces do câncer de mama.
Realidade local
Como na estatística nacional, no CTO da Santa Casa de Araçatuba o câncer de mama é a segunda maior incidência da doença entre as pacientes atendidas, com média de 70 casos novos registrados mensalmente na unidade do Serviço de Oncologia do hospital.
A Santa Casa é referência para o tratamento oncológico de pacientes dos 40 municípios da região e, no caso específico do câncer de mama, o CTO oferece atendimento completo.
O serviço inclui consultas especializadas com mastologistas, oncologistas clínicos e radioterapeutas, acompanhamento por profissionais multidisciplinares, até cirurgias para reconstrução mamária.
Tardio
Levantamento realizado pela coordenação do CTO aponta que metade das pacientes em tratamento de câncer de mama atualmente detectou o nódulo durante exames de rotina. De acordo com a enfermeira Karoline Amaral, as demais procuraram o serviço primário ao perceber alterações na pele, secreção ou aumento da mama, o que caracteriza atendimento tardio.
Saito informa que o rastreamento de alterações que podem representar o câncer de mama ainda está longe do ideal, mas considera que as taxas de adesão à mamografia por pacientes assintomáticas vêm aumentando ao longo dos anos. “Ainda há muito a ser feito, mas já vemos uma melhora significativa” , comenta, reforçando que o diagnóstico precoce antecipa o tratamento, o que amplia os resultados no combate ao câncer de mama.
Estudo em parceria busca dados mais precisos sobre o perfil dos diagnósticos
Um estudo conduzido pelo CTO da Santa Casa de Araçatuba, em parceria com a Liga Unisalesiano de Oncologia, em breve deve trazer dados mais precisos sobre o perfil dos diagnósticos, segundo a assessoria de imprensa do hospital.
O mastologista Caio Saito informa que estão sendo coletados os dados neste ano e, provavelmente o resultado deverá ser publicado em 2025. “Mas minha percepção é de que ainda temos mais tumores palpáveis no diagnóstico do que aqueles detectados apenas por exames de imagem" , comenta.
De acordo com o médico, o tempo e a estrutura disponibilizada para o tratamento são fundamentais para que bons resultados sejam atingidos. Ele destaca a estrutura disponibilizada pela Santa Casa, que possibilita que as pacientes que chegam ao CTO sejam encaminhadas de imediato à cirurgia ou para a quimioterapia neoadjuvante.
Isso, de acordo com ele, comprova a eficiência do tempo cirúrgico. “De janeiro a setembro, operamos mais de 60 pacientes com câncer de mama, o que representa um volume significativo de pacientes tratadas” , diz.
Incidência
O mastologista informa que os casos de câncer de mama têm aumentado notadamente em pacientes jovens. De acordo com ele, o estilo de vida atual, com alimentação rica em conservantes, exposição à radiação solar e outros fatores, assim como fatores genéticos, influenciam o aumento dos casos. “Por outro lado, estamos diagnosticando mais, devido à eficiência das formas de rastreamento” , argumenta, chamando a atenção mais uma vez para o diagnóstico precoce.
Saito acrescenta que houve avanços significativos no tratamento do câncer de mama, tanto na parte cirúrgica quanto na terapia sistêmica. “Até bem pouco tempo, tínhamos somente quimioterapia branca e vermelha, e hoje contamos também com imunoterapias e terapias alvo que oferecem respostas patológicas muito melhores” , explica.
Isso, segundo o mastologista representa aumento da sobrevida, qualidade de vida das pacientes e cirurgias menos invasivas, entre outros avanços evidentes tanto na parte cirúrgica quanto na sistêmica. “Estamos entendendo mais sobre a doença”, afirma.
Estrutura
O médico informa ainda que o Serviço de Oncologia da Santa Casa de Araçatuba tem evoluído constantemente, dispondo de corpo clínico especializado, composto por médicos atualizados, e acesso a terapias sistêmicas de custo mais elevado.
Ele destaca ainda o Serviço de Cirurgia de Reconstrução Mamária, que considera um avanço, pois trouxe melhoria na autoestima das pacientes. Esse serviço foi implantado em março deste ano, através de convênio com o Ministério da Saúde. Desde então, foram realizadas 12 cirurgias de reconstrução mamária, na maioria dos casos, feita imediatamente após a mastectomia.
Isso, segundo o médico, faz com que as pacientes iniciem a etapa seguinte do tratamento mais seguras, apresentando respostas melhores às terapias. “Ao saber que pode sair da cirurgia já com a mama reconstruída, a paciente encara o processo de forma mais tranquila” , conclui.