Saúde & Bem-Estar

Setembro Amarelo: 20% das vítimas jovens de bullying pensam em suicídio

"Hoje, temos o agravante do cyberbullying (bullying virtual), que atinge a vítima onde quer que ela esteja, seja pelas redes sociais ou pelos grupos de WhatsApp", explica Ana Paula.
Da Redação
05/09/2023 às 19h38
Ana Paula Siqueira é autora de livro sobre bullying e doutoranda sobre o tema (foto: divulgação) Ana Paula Siqueira é autora de livro sobre bullying e doutoranda sobre o tema (foto: divulgação)

O Setembro Amarelo de Combate ao Suicídio é um momento importante para reflexão sobre o papel do bullying nas mortes por suicídio entre crianças e jovens. Embora não possa ser considerado o único fator determinante na decisão de uma pessoa tirar a própria vida, o bullying certamente desempenha um papel relevante nesse processo.

 

"Hoje, temos o agravante do cyberbullying (bullying virtual), que atinge a vítima onde quer que ela esteja, seja pelas redes sociais ou pelos grupos de WhatsApp", explica Ana Paula. "Há alguns anos, a vítima encontrava refúgio em casa, mas agora ela está sujeita ao cyberbullying 24 horas por dia, não importa onde esteja."

 

O suicídio é um problema de saúde pública em todo o mundo. Na faixa etária de 15 a 29 anos, ele é a quarta principal causa de morte, ficando atrás apenas de acidentes de trânsito, tuberculose e violência. A questão é complexa e afeta pessoas independentemente de fatores como raça, cor, sexo ou classe social.

 

No final de julho, uma professora sul-coreana de 23 anos foi encontrada morta dentro da escola onde lecionava para crianças da primeira série. O possível motivo: depressão causada pelo bullying que sofria dos pais de seus alunos. Em seu diário, ela relatava meses de cobranças exageradas por parte dos pais dos alunos, a qualquer hora do dia ou da noite. "Uma situação clássica de bullying virtual, que oprime a vítima o tempo todo", aponta Ana Paula.

 

Segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde divulgados pelo Ministério da Saúde em setembro de 2022, entre 2016 e 2021, houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,33 por 100 mil.

 

Como evitar o bullying?

 

Ana Paula Siqueira explica que a Lei 13.185/2015 (Lei do Bullying) estabelece os critérios que definem o bullying e a maneira como o problema deve ser abordado. "O bullying é a perseguição sistemática cometida por uma ou mais pessoas contra a vítima, seja por meio de violência física ou psicológica, com origem no ambiente escolar, clubes ou agremiações", diz especialista.

 

Ele pode ser realizado por meio de ameaças, exclusão e ofensas, geralmente direcionadas à vítima considerada mais vulnerável, com discriminação por raça, sexo, orientação sexual ou outras características.

 

"A Lei 13.185 estabelece iniciativas que devem ser tomadas para prevenir o bullying, como um plano de ação permanente das escolas, devidamente registrado, que inclui o desenvolvimento de uma cultura de paz no ambiente de ensino", explica Ana Paula. "Ela também define normas sobre como os casos identificados devem ser tratados de maneira apropriada. Sem todas essas iniciativas, as escolas, seus dirigentes e diretores ficam sujeitos a processos judiciais e exposição pública, podendo enfrentar as consequências tanto em termos legais quanto na mancha de suas reputações e imagens públicas", completa Ana Paula Siqueira.

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