A Dermatite atópica afeta principalmente crianças em áreas urbanas e países desenvolvidos, e a prevalência vem aumentando ao longo dos últimos 30 anos. Na maioria dos casos a doença tem inicio antes dos 5 anos de idade e muitas vezes antes do 1º ano de vida
A dermatite atópica, também conhecida por eczema atópico, é uma doença que afeta a pele causando ressecamento, inflamação e coceira intensa, prejudicando de forma significativa as atividades diárias e o sono. Além das lesões da pele pode ocorrer também asma e rinite alérgica. É uma doença crônica e recidivante, que evolui em crises com períodos de melhora e piora, tendo impacto negativo na qualidade de vida do paciente e também dos familiares. O intervalo entre as crises pode ser de meses ou anos, mas nos casos mais graves alguns pacientes podem apresentar os sintomas continuamente.
A causa exata da doença é desconhecida, mas atualmente se sabe que alguns fatores contribuem para o desenvolvimento da dermatite atópica:
A dermatite atópica é uma doença genética e hereditária, com alterações da barreira cutânea (que causa o ressecamento da pele) e do sistema imunológico (que causa a inflamação).
A influencia de fatores ambientais como variações climáticas, suor, excesso de banhos, uso de medicações e produtos de higiene inadequados, infecções e estresse emocional colaboram para o desencadeamento ou agravamento das crises.
Cerca de 60% dos quadros de dermatite atópica iniciam antes do primeiro ano de vida. Entre 2% a 10% dos casos o início ocorre na idade adulta, com pico entre 20 e 40 anos. Inicio após os 60 anos é raro, mas tem sido descrito com mais frequência ultimamente.
A característica principal da doença é a pele muito seca com inflamação (eczema) e coceira intensa. O eczema provoca a coceira e o ato de coçar a lesão pode deixá-la ainda mais irritada e pruriginosa, formando um ciclo vicioso. A coceira ocasiona ferimentos, o que facilita a invasão e contaminação das feridas por bactérias. Os locais mais afetados pelas lesões inflamatórias variam de acordo com a idade, sendo mais comum nas dobras dos braços e joelhos, podendo, também, aparecer nas bochechas dos bebês, ou no pescoço, mãos e pés dos adultos. Esse quadro inflamatório da pele vai e volta, podendo haver intervalos de meses ou anos, entre uma crise e outra.
O diagnóstico da dermatite atópica é feito pelo dermatologista principalmente por meio da avaliação dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente. Os exames laboratoriais não permitem o diagnostico, mas podem auxiliar na avaliação da gravidade e na evolução do tratamento.
É importante que o diagnóstico da dermatite atópica seja feito assim que surgirem os primeiros sintomas para que o tratamento possa ser iniciado o mais precoce possível, o que contribui para uma evolução mais favorável.
O tratamento da dermatite atópica deve ser iniciado após avaliação do médico especialista e inclui a prescrição de medicamentos para corrigir o ressecamento da pele, controlar a inflamação e a coceira e prevenir a ocorrência de novas crises. Medicações anti-inflamatórias tópicas e hidratação da pele são a base da terapêutica. Em casos de complicações, como infecções secundárias, é indicado o uso de antibióticos.
O tratamento deve ser orientado e acompanhado pelo especialista, sendo individualizado para cada paciente, dependendo do grau de ressecamento da pele e da extensão e intensidade da inflamação.
Identificar e evitar entrar em contato com fatores que desencadeiam ou agravam a doença é fundamental para o tratamento durante a crise e também na fase de manutenção. É importante que esses cuidados sejam continuados mesmo quando os sintomas da dermatite atópica desaparecem para evitar que a pele fique muito ressecada e outras crises sejam desencadeadas.
Nos casos mais graves, os pacientes necessitam fototerapia e/ou medicações orais, incluindo corticoides, imunossupressores e imunobiológicos. Esses pacientes podem necessitar atendimento multidisciplinar porque, geralmente, também apresentam associações com asma e rinite.
De todos os pacientes que tiveram a doença na infância 60% se curam até a adolescência; já os que tiveram a forma mais grave ou têm associados quadros de rinite ou asma podem permanecer com a condição indefinidamente. Porém, ela pode ser controlada com tratamento adequado e acompanhamento médico especializado.
*O blog Vida Saudável é uma iniciativa do Hospital Israelita Albert Einstein.