Medo, preconceito ou desconhecimento ainda são barreiras contra diagnóstico precoce do câncer de próstata

O uro-oncologista Fábio Navarro explica que câncer de próstata, quando detectado precocemente, pode ter mais de 90% de chances de cura (Foto: Divulgação)
O câncer de próstata é um tumor que se desenvolve na glândula localizada abaixo da bexiga, envolvendo a uretra. Apesar de ser uma doença comum, muitos homens ainda evitam falar sobre o assunto, seja por medo, preconceito ou desconhecimento. 

Esse silêncio, segundo o uro-oncologista Fábio Navarro, do Serviço de Oncologia da Santa Casa de Araçatuba (SP), pode custar vidas. "Muitos pacientes evitam discutir o tema ou realizar exames por vergonha. Mas, com uma boa conversa, temos conseguido convencer os homens a cuidarem da própria saúde" , afirma.

Navarro aponta que homens com mais de 50 anos, negros, e aqueles que possuem histórico familiar de câncer de próstata (especialmente em parentes de primeiro grau, como pai ou irmão) têm maior probabilidade de desenvolver a doença. Além disso, fatores como obesidade, sedentarismo e dietas ricas em gorduras aumentam ainda mais o risco.

Exame

A detecção do câncer de próstata é feita principalmente por meio de dois exames: o toque retal e o PSA (Antígeno Prostático Específico), um exame de sangue que pode indicar a presença de alterações na próstata. O toque retal, apesar de simples e indolor - dura de cinco a sete segundos -, ainda enfrenta resistência. "É um exame rápido e seguro, mas cercado de muito preconceito. Aos poucos, estamos vencendo essa barreira" , afirma.

O médico explica que os primeiros estágios da doença são silenciosos, o que dificulta o diagnóstico precoce. Quando a doença começa a apresentar sintomas, os sinais podem incluir dificuldade para urinar, sangue na urina e a necessidade frequente de acordar à noite para urinar. Nessa fase, o câncer já pode estar em um estágio avançado, o que reforça a importância de exames regulares, mesmo para homens que não apresentem sintomas.

Tratamento

Atualmente há 274 homens em tratamento no Serviço de Oncologia da Santa Casa de Araçatuba. As formas de terapia variam de acordo com o estágio da doença e quanto mais precoce for a detecção, maiores são as chances de sucesso, afirma o especialista. “O tratamento pode variar desde o acompanhamento até cirurgias e radioterapias, dependendo do caso" , explica.

A Santa Casa informa que oferece atendimento completo, com tecnologia de ponta e uma equipe de profissionais capacitados, acompanhando os pacientes desde o diagnóstico até o tratamento e a reabilitação. Porém, o câncer de próstata, assim como outros tipos de câncer, impacta toda a família do paciente. O medo, a ansiedade e as dúvidas fazem parte dessa jornada, por isso o apoio e a conscientização podem fazer toda a diferença.

Novembro Azul

Por isso, para Navarro, o Novembro Azul é mais do que um mês de conscientização; é um lembrete de que a prevenção salva vidas. "O mais importante é quebrarmos o tabu e incentivarmos os homens a fazerem os exames. Esse gesto simples pode garantir muitos anos de vida" , reforça.

O Serviço de Oncologia da Santa Casa de Araçatuba também trata com frequência casos de câncer de pele, a neoplasia mais comum entre seus pacientes, seguido pelo câncer de mama. Contudo, é a atenção especial dada ao câncer de próstata que reforça a importância de campanhas como o Novembro Azul, voltadas para quebrar barreiras e salvar vidas.

Este mês, a mensagem de conscientização é clara: cuidar da saúde é um ato de coragem. E, para os homens de Araçatuba, esse ato pode começar com uma consulta de rotina e a realização de exames preventivos.

Campanha

A campanha do Ministério da Saúde visa ampliar a conscientização sobre o câncer de próstata, doença que, embora apresente chances de cura em 90% dos casos, no Brasil, de acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), 52% dos casos são identificados em fases mais graves.

Navarro cita que em 2024 no Brasil deverá atingir cerca de 72 mil casos de câncer de próstata neste anos, com aproximadamente 15 mil mortes em decorrência da doença. Por isso a importância do diagnóstico precoce