Saúde & Bem-Estar

Médica alerta para o diagnóstico precoce no Dia Internacional da Luta Contra o Câncer Infantojuvenil

Em 2023 o Centro de Tratamento Oncológico da Santa Casa de Araçatuba registrou 537 atendimentos a crianças e adolescentes
Da Redação
15/02/2024 às 09h54
Menina de 9 anos atendida no CTO da Santa Casa de Araçatuba se recupera após transplante de medula (Foto: Divulgação) Menina de 9 anos atendida no CTO da Santa Casa de Araçatuba se recupera após transplante de medula (Foto: Divulgação)

Referência regional, a Santa Casa de Araçatuba (SP) realizou 537 atendimentos em oncologia pediátrica a pacientes moradores na cidade e em municípios vizinhos, em 2023. O número foi divulgado nesta quinta-feira (14), Dia Internacional da Luta Contra o Câncer Infantil, como alerta e para conscientizar pais sobre os sintomas da doença.

 

A assessoria de imprensa do hospital informa que a cada ano, cerca de 12 mil novos casos de câncer infantil são diagnosticados no Brasil, dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer). Ainda segundo o que foi divulgado, a doença é a principal causa de morte de crianças e adolescentes entre 1 e 19 anos no País. A taxa de sobrevivência fica entre 41% e 60%.

 

Diante de tudo isso, a onco-hematologista pediátrica do CTO da Santa Casa de Araçatuba, Cibele Cristina Castilho, reforça que os pais devem estar sempre alertas quanto aos sinais. “Se o seu filho apresentar febre prolongada sem causa aparente, palidez inexplicada, aumento do volume abdominal, nódulos abdominais, dores de cabeça acompanhadas de vômitos, perda de equilíbrio, estrabismo, falta de coordenação motora, dificuldade para andar, manchas roxas pelo corpo que não estejam relacionadas a batidas ou sangramentos, ou se notar qualquer caroço ou nódulo em qualquer parte do corpo que esteja crescendo sem motivo aparente, é importante procurar ajuda médica imediatamente”, explica.

 

Tratamento

 

Estes alertas quase chegaram tarde para Wanessa Alves, de Mirandópolis, que viu a filha dela travar uma batalha contra um câncer, diagnosticado quase cinco meses após os primeiros sintomas e atendimentos realizados em serviços de saúde da cidade onde mora.

 

Na época, a menina tinha 9 anos e teve vários episódios de febre, dores no corpo e indisposição. "Sempre apareciam alguns carocinhos aqui, outros ali. Ela tinha febre recorrente. Quando a levava ao hospital, diziam que era virose ou algo parecido, o que atrasou bastante o diagnóstico", contou à assessoria de imprensa da Santa Casa.

 

Segundo o que foi divulgado, a criança chegou a ser internada duas vezes seguidas em um hospital de Mirandópolis devido à febre alta, dores na perna e foi diagnosticada infecção no fêmur. Após receber alta, ela foi levada de volta ao hospital com febre e manchas no corpo. Desta vez, a criança foi internada sob suspeita de dengue, que depois foi descartada.

 

Leucemia

 

A paciente foi transferida para a Santa Casa de Araçatuba, onde foi diagnosticada com leucemia linfoblástica aguda B. Teve início o tratamento com quimioterapia e ela permaneceu internada por nove meses, um deles na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

 

Segundo o hospital, a paciente foi submetida ao tratamento com quimioterapia blina, procedimento que não era comumente realizado na Santa Casa até então. "Foi necessário que o corpo técnico passasse por um curso para administrar a medicação na minha filha", explicou Wanessa, que destacou a importância da estrutura da Santa Casa de Araçatuba para o diagnóstico correto e para a primeira fase do tratamento.

 

Transplante

 

O drama seguiu após os médicos constatarem a ineficácia da quimioterapia e decidirem que a paciente precisava de um transplante com urgência. "Então, eu, meu marido e meus dois filhos nos mobilizamos para fazer exames de sangue. Meu filho mais velho apresentou 50% de compatibilidade, enquanto o mais novo, 100%", relatou Wanessa.

 

Como o procedimento não era realizado na Santa Casa, a menina foi encaminhada para São José do Rio Preto para receber a doação de medula óssea do irmão de apenas 5 anos. Após o transplante, a criança faz acompanhamento médico de rotina e vem se recuperando bem, segundo o que foi informado. "Ela teve uma aceitação de 100% da medula, está começando a ter uma vida normal, inclusive já voltou a estudar", explicou a mãe.

 

Linfomas estão entre os principais tipos de câncer em crianças e adolescentes

 

A oncologista pediátrica Cibele Castilho explica que entre os principais tipos de câncer que afetam crianças e adolescentes estão linfomas (câncer do sistema linfático), tumores no sistema nervoso central, neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico), tumor de Wilms (tipo de tumor renal), retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), tumor germinativo (das células que originam os ovários e os testículos), osteossarcoma (tumor ósseo), sarcomas (tumores de partes moles) e, principalmente, as leucemias (câncer da medula óssea).

 

De acordo a especialista, as leucemias linfoblásticas agudas são os principais cânceres infantojuvenis. "A leucemia linfoide aguda, ou LLA, é um tipo de câncer que ocorre quando um tipo de célula de defesa chamada linfócito tem um problema em seu DNA. Esse problema faz com que o linfócito não se desenvolva corretamente e não se torne uma célula de sangue saudável. Essas células anormais são chamadas de linfoblastos", detalha a médica.

 

Segundo o que foi informado, diferentemente dos adultos, as crianças podem ser encaminhadas ao centro de referência mesmo com suspeita de câncer, agilizando os exames e diagnóstico. O tratamento do câncer em crianças e adolescentes é decidido com base no estágio e natureza da doença, podendo variar de um a três anos.

 

“Após o diagnóstico, são realizados exames detalhados para determinar a extensão da doença e personalizar o tratamento, que pode incluir quimioterapia, radioterapia, cirurgia, Imunoterapia, vai de acordo com a necessidades individuais de cada paciente”, explica Cibele.

 

Estrutura

 

A unidade de tratamento oncológico desempenha um papel crucial, ancorada pela especialidade de Oncologia Pediátrica. A Santa Casa de Araçatuba é habilitada para tratar a maioria dos cânceres infantojuvenis, com exceção apenas dos tumores ósseos e oftalmológicos. Com uma equipe multidisciplinar altamente qualificada, o CTO oferece uma gama abrangente de serviços, desde o diagnóstico até o tratamento e acompanhamento dos pacientes.

 

“O Centro de Tratamento Oncológico é um setor complexo e ambulatorial. Nele, são realizadas consultas para casos novos, suspeitas de câncer infantil e acompanhamento de pacientes em tratamento e aplicação das quimioterapias. Contamos também com uma farmácia especializada, além de possuir uma sala de procedimentos onde são realizadas quimioterapias intratecais, comuns no tratamento das leucemias”, destaca a médica.

 

De acordo com o que foi informado, a Santa Casa também disponibiliza leitos de internação para crianças e adolescentes na enfermaria de pediatria geral, com possibilidade de internação para administração de medicações e quimioterapias contínuas.

 

Além disso, o hospital oferece tomografias, ressonâncias magnéticas e exames de medicina nuclear, como cintilografias e PET-CT, através de convênio com serviço terceirizado. Procedimentos com sedação, como biópsias de medula óssea, são realizados no centro cirúrgico, que também conta com um setor de radioterapia para atender tanto adultos quanto crianças.

Entre no grupo do Whatsapp
Logo Trio Copyright © 2025 Trio Agência de Notícias. Todos os direitos reservados.