A terceira idade costuma ser acompanhada por determinadas doenças e complicações de saúde, que se tornam mais frequentes à medida que envelhecemos. Uma das doenças que requer maior cuidado e atenção durante o processo de envelhecimento é a trombose, um termo utilizado para indicar a obstrução de qualquer vaso sanguíneo do organismo humano devido à formação de um coágulo, chamado de trombo.
"O coágulo pode afetar tanto o sistema arterial quanto o venoso, resultando em diferentes variações da trombose. O tipo mais comum é a trombose venosa profunda (TVP), que ocorre quando o trombo se forma em uma veia profunda nas pernas, causando dor e inchaço nos membros", afirma o Dr. Erich de Paula, médico hematologista e professor associado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
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De acordo com o Dr. Erich, o coágulo formado pode se soltar e chegar aos pulmões através da circulação sanguínea, resultando na embolia pulmonar, uma das complicações mais graves da trombose que pode ser fatal e causa lesões graves nos pulmões. Os sintomas da embolia pulmonar incluem dor no peito, falta de ar e aumento da pressão arterial. Além disso, há outro tipo de trombose, conhecida como trombose arterial, que se forma mais comumente nos órgãos, sendo as mais reconhecidas o infarto do miocárdio e o AVC.
O médico hematologista ressalta que a trombose afeta pessoas de ambos os sexos e de qualquer faixa etária, mas é mais prevalente em idosos, pois eles têm um risco aumentado de desenvolver a doença devido a fatores de risco. "O ganho de peso progressivo, sedentarismo e mobilidade reduzida são fatores inerentes ao indivíduo mais idoso que contribuem para a ocorrência de trombose", afirma o Dr. Erich. "Outro fator importante é o câncer, que também é mais comum em idosos e aumenta significativamente o risco de trombose". Além disso, ele destaca a importância de estar atento a outros hábitos e condições que favorecem o desenvolvimento da doença, como tabagismo, predisposição genética, cirurgias e internações prolongadas. Para as tromboses arteriais, os fatores de risco incluem principalmente diabetes, hipertensão e elevação dos níveis de colesterol.
Segundo o especialista, no caso de idosos dependentes e acamados, é recomendável que seus cuidadores fiquem atentos a sintomas como falta de ar, desconforto respiratório e inchaço dos membros. "Além disso, é fundamental conhecer os fatores de risco e informá-los aos profissionais de saúde em caso de suspeita de trombose, pois isso pode auxiliar no diagnóstico rápido e preciso", acrescenta o Dr. Erich.
De maneira geral, a prevenção das complicações relacionadas à trombose envolve a adoção de um estilo de vida saudável e uma dieta equilibrada, com controle de peso e prática de exercícios. O uso de medicamentos preventivos é indicado apenas para pacientes com perfis de risco mais elevado. Nos casos em que a prevenção não impede a ocorrência da trombose, o tratamento é realizado com base no uso de anticoagulantes, sempre com acompanhamento médico. Após o tratamento, que geralmente dura cerca de seis meses, o paciente deve passar por uma nova avaliação médica para avaliar os riscos de desenvolvimento de novas tromboses e a melhor estratégia preventiva.
"A trombose é uma doença perigosa e figura entre as principais causas de morte no mundo. Portanto, iniciativas como o Dia Mundial da Trombose, comemorado anualmente em 13 de outubro para alertar e informar a população sobre a doença, são de grande importância para conscientizar as pessoas sobre os riscos da trombose e as medidas de prevenção, contribuindo para salvar vidas", conclui o professor-doutor.