O vereador Arlindo Araújo (MDB), que teve protocolado contra ele na Câmara de Araçatuba (SP) uma representação no Conselho de Ética sobre possível quebra de decoro parlamentar, decidiu responder na mesma moeda.
Durante a sessão desta segunda-feira (21), ele usou a tribuna para informar que também protocolará duas representações no conselho, uma contra o vereador Nelsinho Bombeiro (PV), autor da representação contra ele, e outro contra Wesley da Dialogue (Pode).
O imbróglio teve início na sessão da semana passada, quando Arlindo se irritou por ter rejeitado um projeto de autoria dele , que garantiria vagas de estacionamento no entorno da Santa Casa de Araçatuba para pacientes com mobilidade reduzida, em função do tratamento de câncer e atendidos no Hospital do Rim.
Durante fala após a rejeição do projeto, o autor disse que “teria o maior prazer de sentar a mão na lata de todo mundo”, se referindo aos parlamentares que estivessem achando ruim da manifestação dele, que os chamou de ridículos e nojentos e comparou a Câmara de Araçatuba a uma “confraria de seres mitológicos que emergiram do tártaro”, fazendo referência à mitologia grega.
Copiou e colou
Entretanto, ele se exaltou de vez quando Nelsinho, ao justificar o voto, disse que tentou esclarecer dúvidas com o autor, mas teria sido ignorado. E acrescentou que ao tentar justificar que já havia uma lei federal nesse sentido, Arlindo Araújo teria dito que já sabia, pois teria copiado e colado o texto.
Nesse momento, o autor do projeto jogou um frasco de álcool gel nas costas de Nelsinho e ficou totalmente alterado.
Durante a fala de hoje na tribuna, Arlindo comentou que a representação contra Nelsinho será justamente por dizer que ele teria copiado e colado o texto, o que afirma ser mentira.
“Se ele representou contra mim no Conselho de Ética, vou apresentar contra ele também para ele provar o que eu não falei”, acrescentando que Nelsinho teria utilizado tom jocoso na fala dele, o que teria contribuído para macular sua imagem com a população.
Vídeo
No caso de Wesley da Dialogue, a representação seria por ele ter gravado um vídeo, segundo Arlindo, tentando jogá-lo contra a população. Segundo o parlamentar, nesse vídeo o colega teria classificado o episódio ocorrido na semana passada como “lamentável e vergonhoso”.
Entretanto, ele disse entender que não foi antiético e nem feriu o decoro, pois apenas expressou a própria opinião. Segundo Arlindo, o projeto rejeitado passou pela Procuradoria Jurídica da Câmara e pelas Comissões de Justiça e de Finanças, e em todos os casos foram emitidos pareceres favoráveis, ou seja, não teria sido apontada nenhuma irregularidade.
“Eu fiz uma metáfora com a mitologia grega, foi isso que eu fiz. Não falei um palavrão, procurei não ofender ninguém, mas eu estava ali emitindo a minha opinião, o meu pensamento. E o vereador tem imunidade na emissão da sua opinião”, argumentou.
Ética
Para ele, a representação contra os dois colegas no Conselho de Ética será uma boa oportunidade para discutir o conceito de ética, que descreveu como sendo um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a vida das pessoas na sociedade.
Nesse sentido, ele entende que Wesley foi antiético, por fazer parte de uma das comissões que deu parecer favorável ao projeto e depois, ao gravar o vídeo, ter tido a intenção de desmerecê-lo.
“Isso sim é uma coisa lamentável, quando você se utiliza dos meios de comunicação, dos conhecimentos técnicos do Direito, sabendo que o que você está falando é para confundir a opinião pública e macular a imagem de outro vereador... ... isso sim é uma coisa lamentável e vergonhosa para o nosso parlamento”, falou.