Política

Apontamentos da Vigilância Sanitária sobre PS motivaram mudança para o prédio do Hospital da Mulher

Santa Casa vê como positivo investimento na reforma do 4º andar do hospital para ampliar atendimentos a gestantes
Lázaro Jr.
17/03/2025 às 14h37

Apontamentos de irregularidades no prédio do pronto-socorro municipal foi o que motivou a Prefeitura de Araçatuba (SP) a desistir da ideia de reabrir o Hospital da Mulher e transferir os serviços de urgência e emergência para esse prédio, segundo o prefeito Lucas Zanatta (PL), em entrevista à reportagem.

 

“Quando eu prometi em campanha que nós iríamos reabrir o Hospital da Mulher, era o que nós iríamos fazer mesmo. Só que quando nós começamos na transição acompanhar, e ver, e depois tivemos a informação já no governo, de que a Vigilância Sanitária já estava apontando que o local (pronto-socorro) já estava inadequado, aí nós ficamos em uma situação muito complicada”, declarou.

 

Zanatta reforçou que a ideia da atual administração era descentralizar o atendimento, com a implantação do atendimento 24 horas nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do Umuarama e do Morada dos Nobres, para reduzir e manter o atendimento no pronto-socorro municipal.

 

Ele argumentou que tanto a zona leste quanto a zona sul são como cidades a parte, que demandam essa descentralização. Além disso, afirma que ainda este ano deve ser concluída a ampliação de 46 para 60 equipes da Saúde da Família em Araçatuba, o que deve elevar de 50% para 85% a resolutividade dos atendimentos na Atenção Básica.

 

“Esse alcance de 35% da demanda é muita gente e impacta diretamente no pronto-socorro”, afirma, acrescentando que a abertura das duas UBS 24 horas já promoveu queda de 20% nos atendimentos do pronto-socorro, o que comprovaria que o problema da Saúde em Araçatuba seria uma questão de gestão, como afirmava na campanha.

 

Pronto-socorro

 

Segundo Zanatta, diante dos apontamentos apresentados em relatório da Vigilância Sanitária, que de acordo com ele em breve se tornarão públicos, ficou inviável manter o atendimento no prédio atual do pronto-socorro, por isso, foi necessário encontrar uma alternativa.

 

Ainda de acordo com o prefeito, em discussão com a direção do Unisalesiano, surgiu a proposta de ampliar o atendimento ginecológico na Santa Casa, dispensando a necessidade de reabertura do Hospital da Mulher.

 

Com isso, o prédio, que é da Prefeitura, poderia ser adequado para receber os serviços de urgência e emergência, o que já era uma proposta da administração municipal passada, que chegou a realizar um processo de licitação. Porém, o contrato com a empresa vencedora não foi assinado, justamente devido à mudança de gestão.

 

Sem custo

 

O grande diferencial do projeto da administração dele, segundo Zanatta, é que o município não precisará dispor de recursos para fazer a adequação no prédio. A reforma da adminstração passada seria feita com dinheiro de financiamento. De acordo com ele, em conversa com o Unisalesiano, ficou definido que serão investidos recursos do Mais Médicos, que são destinados ao município por lei para investimentos.

 

Além disso, de acordo com o prefeito, ao invés dos R$ 11 milhões que seriam gastos no projeto feito pela administração anterior, serão investidos cerca de R$ 2,5 milhões. Durante visita à Prefeitura, a reportagem viu o projeto atual, que já está pronto e mantém a proposta de ter três entradas independentes, uma para a pediatria, uma para emergência e uma para os atendimentos clínicos.

 

O secretário municipal de Saúde, Daniel Martins Ferreira Júnior, que participou do encontro, explicou que outra vantagem do projeto atual é que ele será concluído em menor prazo. A estimativa é de que em cerca de 90 dias após o início da obra, a reforma e adequação seja concluída.

 

Uma das mudanças, de acordo com ele, é de que o projeto licitado pela administração passada previa a instalação de ar-condicionado central, o que demandaria uma grande intervenção, sem necessidade desse tipo de investimento.

 

Atendimento ginecológico

 

Apesar da mudança de planos com relação à reabertura do Hospital da Mulher, o prefeito afirma que o município irá ampliar e melhorar esse tipo de atendimento, também por meio da parceria com o Unisalesiano, que já tinha um projeto para dar sequência à reforma do 4º andar da Santa Casa.

 

Segundo o que foi informado, 70% da maternidade no 4º andar foram reformados com recursos de uma ação do Ministério Público e da Justiça do Trabalho. A unidade atende as gestantes de Araçatuba desde 2017, quando o Hospital da Mulher foi fechado. Com o investimento a ser feito pelo Unisalesiano, serão reformadas outras seis salas onde atualmente funcionam o Serviço de Neurologia do hospital.

 

Com isso, serão abertos mais 20 leitos, que irão se somar às salas de parto, pré-parto e cirurgia para cesária, concentrando o atendimento em um só andar, diminuindo os riscos para as gestantes e para os bebês, segundo o secretário municipal de Saúde. “Lá já tem a residência de ginecologia e obstetrícia, tem ginecologista 24 horas por dia, tem anestesista. Isso melhora a qualidade do atendimento de uma maneira absurda”, reforçou.

 

Financiamento

 

Ainda de acordo com o que foi informado, se o Hospital da Mulher fosse reaberto, os custos de manutenção dos serviços seriam arcados pela Prefeitura, que hoje repassa aproximadamente R$ 900 mil mensais para a Santa Casa, para a realização de cerca de 100 partos.

 

Com a ampliação do atendimento após a reforma das demais salas, a Prefeitura continuará repassando os mesmos R$ 900 mil mensais para a Santa Casa, porém, será pedido ao Ministério da Saúde, o credenciamento desses leitos da maternidade.

 

Com isso, a Santa Casa também passará a receber do SUS (Sistema Único de Saúde) pelos atendimentos ginecológicos, o que não acontece atualmente, aumentando os recursos da Santa Casa. “Em uma movimentação, nós conseguimos melhorar o atendimento à população e garantir mais recursos para o hospital”, argumentou Zanatta. 

 

A vice-prefeita de Araçatuba, Nice Zucon (PL), que também estava presente no encontro, reforçou que a solução encontrada é resultado de um grande trabalho, diante da dificuldade encontrada no pronto-socorro. Mas que foi encontrada uma saída por meio da parceria com o Unisalesiano e com a Santa Casa, que também receberá investimentos.

 

Santa Casa vê como positiva ampliação da maternidade

 

A reportagem também procurou a Santa Casa para saber sobre a ampliação dos leitos destinados à maternidade. Em nota, a assessoria de imprensa confirmou que os estudos estão bem avançados e que a diretoria do hospital já sinalizou positivamente para a iniciativa, desde que atenda as necessidades da instituição.

 

Segundo o que foi informado, o investimento para a reforma dos seis quartos restantes do 4º andar será feito com parte do recurso do Mais Médicos que é destinado à Prefeitura. “A reforma deve seguir o padrão dos leitos já revitalizados, atendendo ao novo conceito de oferecer conforto e dignidade aos pacientes SUS”, informa em nota.

 

O provedor da Santa Casa, Petrônio Pereira Lima, explica em nota que o hospital não teria condições financeiras para dar sequência ao projeto de reforma dos quartos. Ainda de acordo com ele, a abertura de mais leitos é positiva para o hospital, que conseguirá atender a demanda, ganhando fôlego para realizar mais cirurgias ginecológicas para as pacientes do município. “Nós da diretoria vemos a iniciativa como mais uma medida assertiva na resposta à comunidade para oferecer mais e melhor assistência”, finaliza em nota.

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