Vítima de golpes, loja de Araçatuba entrega papéis em lugar de perfumes e ajuda a deter golpista em Birigui

A Polícia Militar deteve no final da noite da noite de quarta-feira (10), três moradores em Birigui (SP) suspeitos de participação em um golpe de estelionato mediante compras de perfumes com uso de Pix falso. A vítima é uma loja instalada em um centro de compras na região central de Araçatuba, que já havia tido prejuízo de mais de R$ 4 mil em vendas anteriores para essas mesmas pessoas.

Ao receber novo pedido pelo WhatsApp, na quarta-feira, as vítimas reconheceram a voz do investigado e informou o endereço de entrega em Birigui à Polícia Militar, onde três suspeitos foram identificados no momento em que o motoboy faria a entrega.

Segundo o que foi apurado pela reportagem, a responsável pela loja já havia comunicado a polícia em Araçatuba sobre o golpe. Ela registrou boletim de ocorrência porque em 6 de janeiro recebeu dois clientes que fizeram uma compra de R$ 1.162,00, que teriam feito o pagamento por Pix, enviando o comprovante no WhatsApp da loja. 

Dois dias depois, os dois homens retornaram à loja, desta vez acompanhados de uma mulher e de outro homem. Primeiro eles adquiriram R$ 2.363,00 em perfumes, saíram e retornaram mais tarde, comprando mais R$ 610,00 em produtos. O método de pagando nas duas vezes também foi o Pix.

A responsável pela loja disse que as compras foram feitas por vendedoras da loja. Já no período da noite, quando foi conferir a conta bancária, ela constatou que os referidos pagamentos não haviam sido creditados, somando um prejuízo de R$ 4.135,00.

Voz

Ainda de acordo com o que foi apurado, no por volta das 17h30 de quarta-feira uma pessoa entrou em contato com a loja por meio do aplicativo WhatsApp e passou uma lista de produtos que seriam para revenda.

As mercadorias somaram R$ 6.141,00 e o pagamento também foi feito mediante Pix. Porém, após encaminhar o comprovante de pagamento, como nas vendas anteriores, o comprador enviou áudio informando que um motoboy iria até a loja buscar os produtos para entregar a ele.

A vendedora que recebeu o pedido reconheceu a voz como sendo de uma das pessoas que haviam aplicado o golpe anteriormente na loja e ao conferir o extrato da conta bancária da loja, confirmou que o pagamento não havia sido creditado.

Papéis

Ao receber a visita do motoboy que disse ter sido contratado por uma pessoa para retirar alguns produtos e entregá-los em Birigui, as vítimas decidiram colocar apenas papéis dentro da embalagem e entregá-los ao motoboy, por risco de voltar a perder mercadoria.

A Polícia Militar foi acionada, comunicada dos fatos e encaminhou uma equipe ao endereço onde a entrega seria feita. No local indicado, no bairro Quemil, os policiais abordaram o motoboy e os dois investigados que receberiam a mercadoria. Eles confirmaram que na embalagem da loja havia apenas papéis e o motociclista disse que apenas havia sido contratado por R$ 55,00 para fazer a entrega.

Investigados

Segundo a polícia, um homem de 25 anos que estava no endereço confessou ter realizado compras na loja de Araçatuba, aplicando golpe mediante pagamentos falsos de Pix. Ele informou que na casa dele ainda havia um dos perfumes que havia adquirido, o qual foi apreendido no endereço da entrega. 

Ao entrar na casa, os policiais encontraram uma mulher, que seria companheira do outro investigado que estava no imóvel. Ela alegou não ter conhecimento dos crimes. Já o companheiro dela, de 20 anos, informalmente teria confessado ter praticado os golpes acompanhado do primeiro e informou que na casa dele também havia um frasco de perfume da loja, o qual também foi recolhido.

Investigação

Os três foram apresentados no plantão policial, onde apenas o primeiro abordado confessou a prática do crime. A mulher até admitiu que esteve na loja acompanhada do marido e do outro investigado quando as compras foram feitas, mas alegou não saber da fraude no pagamento pelas mercadorias.

A mesma versão foi apresentada pelo companheiro dela, que argumentou só ter concordado em ir à loja porque o amigo dele estava devendo dinheiro a ele e disse que pagaria com perfumes para serem revendidos. Ele informou ainda que vendeu três perfumes, faturando R$ 850,00, mas não sabe dizer quem seriam os compradores. 

O delegado que presidiu a ocorrência decidiu por ouvir os três investigados e liberá-los em seguida para a instauração de inquérito. Não foi realizado o flagrante pela tentativa de estelionato, por entender que a loja vítima percebeu o crime e comunicou a Polícia Militar, que conseguiu identificar os autores.

Os dois frascos de perfume apreendidos com os investigados foram devolvidos à loja vítima.