Equipes da Polícia Civil e da Polícia Federal estiveram no aeródromo de Birigui (SP) nesta terça-feira (5), em busca de informações que ajudem a identificar a origem do bimotor que foi abandonado após fazer um pouso forçado no final da tarde anterior.
A reportagem esteve no local logo após tomar conhecimento do acidente e teve informações de que o avião estava havia bastante tempo nessa oficina, onde passaria por manutenção. O piloto não foi localizado.
Nesta terça-feira, a empresa FMA Manutenção de Aeronaves emitiu nota afirmando que não realizou nenhum tipo de manutenção no bimotor. A oficina está instalada em uma área que passa ao lado da oficina.
Sem documentos
Na nota, a empresa afirma que o bimotor Beechcraft Baron deu entrada na oficina em meados de 2022, para ser regularizado. “Por desacordo comercial e falta de documentos, nenhuma realização ou manutenção foi dada na aeronave”, informa a nota.
Ainda segundo a empresa, desde então o avião permaneceu no pátio da oficina, até que na sexta-feira (1) um piloto que se apresentou apenas como “Cristian” , informando que iria retirá-la.
Em entrevista à TV Tem, um dos representantes da oficina informou que o piloto fez um voo com a aeronave na sexta-feira, retornou na segunda-feira, informando que levaria a aeronave embora na quarta. Porém, ele fez um novo voo e ocorreu o acidente durante a tentativa de pouso.
“Ainda que sem manutenção e regularização, a empresa não tem autonomia de reter a aeronave, exceto por ordem judicial”, informa a nota, acrescentando que a empresa está à disposição das autoridades e não apoia qualquer conduta ilegal.
Investigação
Nesta terça-feira, uma equipe da Polícia Civil de Birigui chefiada pelo delegado Eduardo de Paula esteve na pista do aeroclube e encontrou o avião ainda na área de vegetação na lateral da pista. O local permanecia preservado por policiais militares e uma equipe da Polícia Federal periciava a pista de voo e o avião, que estava com prefixo PR-NIB.
Ainda de acordo com o que foi informado ao delegado, os policiais militares tomaram conhecimento dos fatos às 17h17 de segunda-feira, foram para o local e encontraram apenas a aeronave danificada. O plantão policial de Birigui acionou o Instituto de Criminalística ainda na segunda-feira para a realização de perícia e a reportagem acompanhou parte do trabalho de uma equipe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).
Testemunhas
Três pessoas foram identificadas como testemunha no registro da Polícia Militar. Uma delas relatou que estava em uma sala no aeroclube quando foi informada do acidente. A outra disse que estava na frente do hangar do aeroclube quando viu a tentativa de pouso do avião. De acordo com ela, o piloto perdeu o controle e colidiu no barranco. Essa pessoa declarou ainda que a aeronave estava em manutenção na oficina.
A terceira testemunha é um representante da oficina mecânica, que confirmou que a aeronave estaria no local desde 2022. A pessoa que apresentou o avião teria informado que o havia arrematado em um leilão e que ele seria regularizado. Por fim, informou que a aeronave sempre permaneceu do no pátio da oficina e que não presenciou o acidente.
Sem identificação
Segundo a polícia, nada de irregular foi encontrado na aeronave e o piloto ainda não havia sido identificado até a manhã desta segunda-feira. O delegado foi informado pelos agentes da Polícia Federal, que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) seria comunicada e seria responsável por analisar as condições do avião e tomar as demais providências administrativas.
FAB
A reportagem procurou a FAB (Força Aéra Brasileira), que informou que investigadores do Seripa IV (Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), com sede em São Paulo, que é órgão regional do Cenipa, foram acionados na segunda-feira para realizar a Ação Inicial da ocorrência envolvendo a aeronave de matrícula PR-NIB, em Birigui.
“Na Ação Inicial são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e a confirmação de dados, a preservação dos elementos da investigação, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias à investigação”, informa a nota.
Ainda de acordo com o que foi informado, a conclusão da investigação terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes.