Um jovem de 23 anos foi preso em flagrante na manhã desta quinta-feira (22) pela Polícia Civil em Birigui (SP), ao ser flagrado com mais de 1,3 quilo de maconha e uma pistola. Ele confessou que empresta dinheiro a juros, mas disse ser "um agiota gente boa".
O flagrante foi feito por policiais civis de Guararapes, que estiveram na cidade em cumprimento a mandado de busca e apreensão expedido pela 2ª Vara daquele município, referente a inquérito que investiga crime de ameaça com arma de fogo feita a um escrevente técnico do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).
A equipe liderada pelos delegados Aderval Ramos de Oliveira Júnior e Michel Araújo Oliveira chegou à residência do investigado, no bairro Monte Líbano, por volta das 6h30. Como o morador não atendeu aos chamados, os policiais entraram na casa e o surpreenderam no banheiro.
Arma
Foi constatado que ele tentava dispensar porções de maconha e haxixe no vaso sanitário, mas foi abordado e impedido. Durante as buscas, uma pistola de calibre 765 foi encontrada atrás do espelho do mesmo banheiro. A arma estava carregada com 12 munições intactas.
Já no quarto havia dois televisores, uma bicicleta aro 29 e quatro pés de maconha, pantados em dois vasos. Também foram apreendidos um celular e um notebook da marca Apple, que estavam na sala.
Agiotagem
Junto com esses equipamentos havia papeis relacionados a agiotagem e recibos de veículos registrados em nome de terceiros. Também foram feitas buscas em um veículo Tiggo que estava na garagem e foram encontradas mais duas porções de maconha e uma de haxixe.
Segundo a polícia, o investigado alegou que havia comprado a arma para se defender, pois emprestava dinheiro a juros, mas seria um “agiota gente boa”, pois estaria ajudando as pessoas.
Sobre as drogas, afirmou que ele comprava e distribuía aos amigos por ser o único que tem carro. Ele não quis fornecer as senhas do celular e do notebook, foi algemado e preso e, após a casa dele passar por perícia, foi apresentado no plantão policial.
Mais drogas
Uma equipe de investigação também esteve no apartamento da mãe do investigado, que fica na rodovia Gabriel Melhado (SP-461), no bairro Parque dos Girassóis, outro endereço ligado ao mandado de busca.
Durante as buscas, os policiais notaram o cheiro de maconha em um armário no quarto da irmã do investigado, ainda adolescente. A mãe da menina telefonou para ela, que contou que havia retirado do apartamento, uma mochila com as drogas pertencentes ao irmão dela.
A adolescente estava em um imóvel na rua Tupi, para onde a equipe seguiu e pegou com a adolescente uma mochila com quatro tabletes de maconha. Ela também entregou o celular, informou a senha e foi encaminhada ao plantão policial, onde foi ouvida e liberada.
Confessou
O jovem também foi ouvido na presença de uma advogada e confirmou que tentava dispensar a droga que tinha em casa ao perceber a chegada da polícia, mas não teve tempo hábil para dar a descarga.
Disse que ele mesmo informou que tinha uma arma escondida atrás de um espelho e que a teria adquirido há cerca de 30 dias de um desconhecido, tendo pago R$ 6 mil. O investigado alegou que começou a receber ameaças de morte de uma pessoa que passou a rondar a casa dele de carro.
Ele negou ser traficante ou vender drogas, alegando que o entorpecente apreendido teria sido adquirido em conjunto com outros amigos que frequentariam a casa dele. Ainda na versão do jovem, cada um contribuiu parte do valor e ele ficou responsável por comprar a droga e dividir entre os demais, que iriam juntos consumir.
Renda
O investigado alegou ainda que tem como emprego fixo dar aulas de inglês, mas estaria apenas com uma sala. Como recebe R$ 30,00 por hora/aula, a renda mensal dele seria de R$ 180,00.
Ele confirmou ainda que empresta dinheiro a juros, mas faria isso para alguns amigos e conhecidos, sem praticar juros abusivos ou usar de violência na cobrança dos devedores. Por fim, confessou que tinha uma mochila com drogas na casa da mãe dele, mas alegou não ter falado com a irmã sobre onde estaria o entorpecente, acreditando que ela teria tentado ajudá-lo.
E sobre os televisores, bicicleta e notebook apreendidos, disse ter comprado de segunda mão, após ver anúncios do MarketPlace do Facebook. Assim, não possui as notas fiscais, apesar de serem todos de procedência lícita.
Preso
O acusado afirmou estar arrependido, mas teve a prisão em flagrante decretada pelo delegado Eduardo Lima de Paula, que presidiu a ocorrência e representou pela decretação da prisão preventiva. Foi levado em consideração as buscas na casa dele foram motivadas por denúncia de ameaças contra terceiros com uso da arma de fogo para a intimidação.
E, diante do que foi informado pelo próprio investigado, a polícia entendeu haver fortes indícios que a renda dele seja proveniente de agiotagem, ameaças e tráfico de drogas.
"Muito embora ele negue traficar ou praticar juros abusivos nos empréstimos de dinheiro, o próprio afirma estar com uma renda fixa ínfima (R$ 180,00) por mês e incompatível com os gastos e bens que possui", justifica o delegado, que acrescenta: "Em liberdade, voltará a se dedicar ao crime, bem como oferece risco às vítimas das ameaças".
A droga apreendida pesou pouco mais de 1,3 quilo e após ser ouvido, o acusado seria encaminhado à cadeia de Penápolis, onde permanecerá à disposição da Justiça. Ele deve ser indiciado por tráfico de drogas, posse ilegal de arma de fogo e o inquérito irá investigar também os crimes de ameaça e usura, em relação à possível agiotagem.