A Polícia Civil de Birigui (SP) relatou à Justiça nesta quinta-feira (6), o inquérito relacionado ao assassinato do eletricista Vitor Henrique Pelicer, 33 anos, que foi morto a tiros na frente do filho dele, de 2 anos, na manhã de 25 de fevereiro.
Dois irmãos, de 18 e 20 anos, foram presos em flagrante no mesmo dia, tiveram as prisões preventivas decretadas em audiência de custódia no dia seguinte e agora foram indiciados por homicídio qualificado pelo motivo fútil e com recurso que dificultou a defesa da vítima.
O inquérito foi conduzido pelo delegado Eduardo Lima de Paula, que relatou à Justiça que as investigações demonstraram que os irmãos agiram de forma premeditada.
Assassinato
Naquela manhã, vestidos com capas de chuva escuras para esconder sinais e tatuagens que poderiam auxiliar nas identificações, os autores do crime chegaram até à vítima, utilizando uma moto sem a placa de identificação.
Imagens de câmeras de monitoramento mostram o eletricista caminhando na rua, segurando a mão do filho de 2 anos, que seguia ao lado dele. A dupla na moto se aproxima por trás da vítima, o garupa saca a arma e passa a atirar em Pelicer pelas costas.
Ele cai ao lado do filho, o garupa desce e volta a disparar contra ele antes de subir na moto e fugir com o comparsa, deixando a criança sozinha ao lado do pai, que agonizava. A vítima, que morava nas imediações, chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos.
Presos
Um dos indiciados foi preso pela Polícia Militar na mesma tarde, em Birigui, com o carro que teria sido utilizado na fuga após o cometimento do crime.
O outro foi localizado e preso por uma equipe do GOE/Deic (Grupo de Operações Especiais da Divisão Especializada de Investigações Criminais), também durante a tarde, em Araçatuba. Ele estava no rancho da namorada, no bairro rural Córrego Azul.
Ao relatar o inquérito, a Polícia Civil informa que apesar de não ser possível afirmar com certeza, qual dos dois indiciados conduzia a moto e qual atirou na vítima por diversas vezes, na presença da criança.
Entretanto, relata que imagens obtidas pela investigação de momentos anteriores ao crime mostram o mais novo conduzindo a moto dele em direção à casa do irmão. Além disso, há registros de boletins de ocorrência nos quais constam a informação que o irmão mais velho teria uma arma de fogo e há vídeos dele dizendo que “resolveria na bala” e que para o eletricista, “o bom seria o cemitério”.
Lesão corporal
O motivo do descontentamento dos irmãos seria o resultado de uma audiência referente a um processo de lesão corporal, resultante de uma agressão sofrida pelo irmão mais velho, que foi ferido com um soco no rosto, desferido por Pelicer, quando ainda era adolescente.
Essa agressão ocorreu em 2022, devido a uma discussão pelo uso de uma caçamba de entulho alugada pela família dos acusados de autoria do assassinato, por parte do eletricista, quando eram vizinhos. Ao relatar o inquérito, o delegado cita que os crimes atribuídos aos indiciados evidenciam a personalidade perigosa de ambos, intolerantes com decisões judiciais desfavoráveis.
Resposta
A autoridade policial cita que retirar a vida de um ser humano sempre é uma ação nefasta e que gera ao Estado um dever de se investigar de forma adequada, identificar a autoria, julgar e punir na estrita aplicação da lei.
E no caso em investigação, houve grandes requintes de crueldade por parte dos autores, que mataram a vítima com tiros, quando ela não tinha qualquer condição de se defender.
Há ainda o agravante de o crime ter cometido na presença do filho pequeno da vítima, criança que terá o desenvolvimento psicológico prejudicado por ter testemunhado a repentina e violenta morte do próprio pai, no entendimento da polícia.
Por fim, consta no relatório do inquérito que o irmão mais velho reforçou a demonstração de violência e intolerância quando já se estava preso e tentou agredir o policial que retirou as algemas para coleta das impressões digitais, tendo que ser detido por outros policiais civis. Por isso, ele também foi indiciado por resistência e desacato.
Sequência
Apesar de o inquérito ter sido relatado, diligências complementares serão realizadas para coletar informações que contribuirão com as provas já obtidas, já que por lei, em caso de prisão em flagrante, o prazo para conclusão do inquérito é de dez dias.