A Justiça de Birigui (SP) atendeu pedido da Polícia Civil e determinou o afastamento das funções de uma professora de uma creche da cidade, que é investigada em inquérito que apura crime de tortura contra crianças matriculadas na instituição.
O caso é investigado pelo 1º Distrito Policial e, segundo o que foi apurado pela reportagem, já há indícios dos crimes praticados contra quatro crianças, mas há possibilidade de haver pelo menos mais duas vítimas.
Segundo o que foi apurado, essas crianças seriam colocadas sob chuveiro com água fria e depois mantidas com as roupas molhadas na sala de aula. No caso das crianças que não se comportavam ou choravam enquanto estavam na creche, elas seriam submetidas a esguicho de água pela mangueira do chuveiro (chuveirinho), direcionados às narinas, olhos, orelhas e boca.
Denúncia
Ainda de acordo com o que foi apurado pela reportagem, a investigação teve início após o denúncia feita em 25 de junho pelo Disque 100, relatando que uma educadora submetia crianças a intenso sofrimento físico e mental como forma de castigo.
Imediatamente tiveram início as diligências investigativas pela equipe do 1º DP, que confirmou a procedência da informação em relatório detalhado. Em quatro dias foram colhidos os depoimentos de várias testemunhas que estiveram na delegacia, garantindo a proteção delas nos termos da lei.
Ainda de acordo com o que foi apurado, essas testemunhas confirmaram que as crianças seriam submetidas a atos cruéis por parte da professora. A polícia apurou ainda, que a investigada daria brinquedos às vítimas para que elas não contassem sobre o ocorrido a ninguém.
Esses fatos estariam acontecendo pelo menos desde o mês de abril, mas há relatos de que a mesma educadora teria histórico de pequenas agressões contra crianças, que teriam ocorrido desde 2009.
Grave
A reportagem apurou que considerando a extrema gravidade do caso, que coloca em risco a integridade das vítimas, que têm entre 4 a 5 anos de idade, o delegado responsável pelo inquérito, com base nas provas testemunhais, documentais e registros digitais, chegou a representar pela decretação da prisão temporária da investigada.
Ainda de acordo com o que foi apurado pela reportagem, o pedido não foi acatado nesse primeiro momento. Porém, como medida cautelar e de proteção previstas na Lei de Sistema de Garantia de Direitos da Criança Vítima de Violência, a Justiça acolheu os argumentos da Polícia Civil e determinou o afastamento imediato da investigada das funções e de qualquer instituição de ensino.
Ela está proibida de manter contato com as vítimas e testemunhas e as vítimas devem ser inseridas em programas socioassistenciais e atendimento psicossocial. As medidas têm como objetivo assegurar a proteção das crianças e garantir o andamento das investigações, que prosseguem, já que existe a possibilidade de haver outras vítimas.
Providências
A reportagem apurou que a professora investigada ainda não foi ouvida e não tem o contato da defesa dela para comentar as acusações. Devido ao horário, ainda não foi possível contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura, sobre as providências que estão sendo tomadas diante da determinação judicial e das investigações.