Polícia

PF apreende 2 aviões em Birigui durante operação

Uma das aeronaves está avaliada em até R$ 10 milhões e está registrada em nome de pessoa com empresas nos Estados de Amazonas, Mato Grosso, Roraima e São Paulo
Da Redação
05/06/2024 às 15h23

Dando sequências às buscas nesta quarta-feira (5) durante a Operação Greenwashing, a Polícia Federal apreendeu dois aviões em Birigui (SP). Um deles é um bimotor e o outro é um Jato Cessna Aircraft, modelo Citation JET 525, ano 1997, avaliado em até R$ 10 milhões.

 

Em consulta pelo prefixo da aeronave, foi constatada que ela está registrada em nome de um empresário que possui empresa registrada como produtor rural. Em outra pesquisa, aparece que ele é ou já foi sócio de três empresas no Estado de Amazonas, de uma empresa em Mato Grosso, de três empresas em Roraima e de duas empresas em São Paulo, sendo a primeira sociedade firmada em setembro de 2008.

 

A reportagem ainda apura as informações da operação, que é coordenada pela Diretoria da PF da Amazônia, com apoio da Polícia Federal de Araçatuba, responsável pelo levantamento de informações para a execução dos trabalhos.

 

Buscas 

 

Ao todos foram expedidos cinco mandados de prisão preventiva e 76 mandados de busca e apreensão pela 7ª Vara Federal da Seção Judiciária do Amazonas. Os mandados são para endereços nos Estados de Rondônia, Amazonas, Mato Grosso, Paraná, Ceará e São Paulo.

 

Segundo o que foi apurado pela reportagem, seriam cumpridos dois mandados de prisão e quatro mandados de busca e apreensão em Araçatuba. O endereço onde ocorreu uma das prisões se referia ao alvo principal da operação. Até o início da tarde não havia informações sobre o cumprimento do segundo mandado.

 

Grilagem

 

Segundo que já foi divulgado pela imprensa, os alvos de Araçatuba seriam os chefes da suposta organização criminosa especializada na venda de crédito de carbono de áreas da União invadidas ilegalmente.

 

O grupo teria faturado cerca de R$ 180 milhões no esquema de fraudes fundiárias que teria se estendido por mais de uma década, a partir da duplicação e falsificação de títulos de propriedade iniciado em Lábrea (AM), resultando na apropriação ilegal de cerca de 538 mil hectares de terras públicas.

 

Ainda segundo a investigação, entre 2016 e 2018 a suposta organização criminosa expandiu suas atividades ilícitas, reutilizando títulos de propriedade e inserindo dados falsos no Sigef (Sistema de Gestão Fundiária), com a colaboração de servidores públicos e responsáveis técnicos. E nos últimos três anos, uma nova expansão das atividades ilícitas do grupo ocorreu na região de Apuí e Nova Aripuanã, também no Amazonas.

 

Entre as irregularidades identificadas estão a emissão de certidões ideologicamente falsas por servidor da Sect/AM (Secretaria de Terras do Estado do Amazonas), a sobreposição de registros e a apropriação indevida de terras públicas.

 

Crimes

 

E entre as atividades ilegais estão a exploração florestal e a pecuária em áreas protegidas, incluindo a criação de gado “fantasma” para atender áreas com restrições ambientais, a venda de créditos virtuais de madeira e a obtenção de licenças ambientais fraudulentas.

 

As investigações apontaram que foram explorados ilegalmente mais de um milhão de metros cúbicos de madeira em tora, gerando um dano ambiental estimado em R$ 606 milhões. A operação também revelou que a organização obteve cerca de R$ 820 milhões em terras griladas.

 

Bloqueio

 

Os policiais federais cumprem ainda 108 medidas cautelares diversas da prisão, oito suspensões do exercício da função pública, quatro suspensões de registro profissional no Crea e sete bloqueios de emissão de DOF’s (Documento de Origem Florestal), bem como o sequestro de R$ 1,6 bilhão.

 

A operação conta com apoio do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), da Receita Federal do Brasil, da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), e de acadêmicos e profissionais de registro de imóveis.

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