Polícia

PCC teria financiado ônibus que saiu de Araçatuba para protesto contra o fim da saída temporária de presos

Manifestação aconteceu no final de abril em Brasília e é um dos motivos da operação realizada nesta sexta-feira, que tenta apurar o alcance da facção criminosa na vida política da cidade de Araçatuba
Lázaro Jr.
06/09/2024 às 17h32
Autoridades do Gaeco e das polícias Civil e Militar concederam entrevista sobre o caso (Foto: Lázaro Jr.) Autoridades do Gaeco e das polícias Civil e Militar concederam entrevista sobre o caso (Foto: Lázaro Jr.)

A investigação que resultou na "Operação Ligações Perigosas", que foi deflagrada nesta sexta-feira (6) em Araçatuba (6), é resultado de três inquéritos policiais que tramitam na Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais) e de uma investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

 

Em entrevista coletiva, os delegados José Abonizio e Juliano Albuquerque Goes, explicaram que os trabalhos partiram da investigação de um suposto integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital), que é de Araçatuba.

 

O objetivo inicial era combater os vários crimes de homicídio que foram registrados nos últimos meses na cidade, e também o crime de tráfico de drogas. As investigações apontaram que esse investigado ocuparia posição de destaque no "Quadro Disciplinar da Região 018", dentro da organização criminosa.

 

Ônibus

 

Porém, no decorrer dos trabalhos, foi apurado que a organização criminosa estaria financiando compras de apoio popular. De acordo com o que foi apurado pela reportagem, no final de abril deste ano, um ônibus partiu de Araçatuba para Brasília (DF).

 

O veívulo levou moradores locais para participar de uma manifestação contra o fim da saída temporária nos presídios para presos que cumprem pena no regime semiaberto. Esse ônibus teria sido fretado por R$ 17 mil, valor que teria sido financiado pelo PCC, com dinheiro proveniente de crimes, principalmente o tráfico de drogas.

 

Em pesquisa, a reportagem encontrou imagens dessa manifestação, que aconteceu em 29 de abril, na Esplanada dos Ministérios, após o projeto ter sido aprovado pelos parlamentares. Em maio, o Congresso derrubou o veto parcial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e manteve a proibição do benefício.

 

Vereador

 

Ainda durante a coletiva, o promotor de Justiça do Gaeco, Carlos Bruno Gaia da Costa, informou que existia uma investigação para apurar possível infiltraçao da organização criminosa na política de araçatuba.

 

Ele explicou que a investigação apontou que uma pessoa que foi chefe de Gabinete do vereador Antônio Edwal Costa (União Brasil), o Dunga, até recentemente, teria relação com a organização criminosa.

 

O vereador foi preso, pois na casa dele a polícia encontrou uma arma com a numeração raspada. Ainda de acordo com ele, há indícios de que o ex-assessor dele estaria envolvido com o tráfico de drogas e ele teria um irmão que seria membro da facção criminosa.

 

Sigilo

 

O promotor informou que como a investigação está em sigilo e não houve denúncia, não serão divulgados detalhes. Porém, confirmou que houve indicativo de que teria havido financiamento por parte de autoridades públicas da cidade, e de outras pessoas, para financiar manifestações supostamente populares espontâneas em Brasília, contra o fim das saídas temporárias.

 

Como posteriormente foram encontrados outros pontos de contato entre as investigações do Gaeco e da Polícia Civil, foi deflagrada a operação conjunta e os trabalhos terão sequência para tentar apurar o alcance da facção criminosa na vida política da cidade de Araçatuba.

 

Presos

 

Ainda de acordo com o que foi divulgado, nesta sexta-feira foram cumpridos 23 mandados de prisões temporárias, apreendidos cerca de seis quilos de etorpecentes e seis armas de fogo. Na região de Araçatuba havia a confirmação das prisões de sete pessoas.

 

Um dos presos é de Penápolis e teria forte ligação com o alvo principal da operação. Também havia um mandado de prisão temporária contra um morador em Birigui, pelo mesmo motivo, mas ele não foi localizado e é considerado foragido, de um total de 12 investigados nessa condição.

 

Ao todo, foram expedidos 105 mandados de busca e apreensão e 35 de prisão temporária para serem cumpridos em onze cidades paulistas e três de Mato Grosso do Sul. Também houve buscas contra investigados em três em presídios, onde há presos que passariam ordens para influenciar os comandos em Araçatuba e região.

 

Um dos alvos morreu baleado durante o cumprimento do mandado, ao revidar à tentativa de abordagem em Araçatuba, feita pelo Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia). Segundo o que foi informado, ele seria integrante do PCC.

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