Uma mulher de 66 anos foi detida no início da manhã desta terça-feira (24), em Araçatuba (SP), após sofrer um surto e danificar as fachadas de dois prédios comerciais na frente da casa dela, na rua Humaitá, na Vila Mendonça. Após ser apresentada na delegacia, ela foi levada para atendimento médico.
A reportagem esteve no local e acompanhou os responsáveis pelos imóveis danificados fazendo a limpeza. Um deles sedia uma escola de dança e teve as portas e uma fachada de vidro estouradas. No outro prédio funciona uma clínica infantil.
A mulher já havia sido levada para a delegacia por policiais militares, que chegaram a fechar o trânsito no quarteirão onde ocorreram os fatos. Eles relataram que por volta das 6h foram chamados no local e encontraram as duas lojas com as vidraças quebradas e diversos pedaços de tijolos espalhados no chão.
De acordo com eles, a mulher estava na frente da casa dela, localizada do outro lado da rua, segurando uma chave inglesa. Ao perceber que seria abordada ela correu para dentro de casa e se trancou em um dos cômodos.
Os policiais relataram que tiveram que arrombar a porta e se depararam com alguns objetos atrás dela, formando uma espécie de barricada. Após transpor a barreira, eles encontraram a mulher escondida num canto do cômodo, toda coberta.
Roupas
Ainda de acordo com o que foi relatado, ela gritava palavras desconexas e aparentava problemas psiquiátricos. Na casa dela havia algumas roupas de tamanhos diversos e bonés novos com etiquetas de lojas, que foram apreendidos para posterior verificação de origem.
A área foi preservada para a realização de perícia e a mulher foi encaminhada ao plantão policial, onde permaneceu o tempo todo estática, com olhar fixo e sem responder às perguntas que eram feitas.
O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado e enviou uma equipe para a delegacia, que fez o primeiro atendimento e a encaminhou para o pronto-socorro municipal, onde ela permaneceria em observação até o final do dia, após ser medicada.
Depressão pós-esquizofrênica
Durante o registro da ocorrência uma irmã da mulher esteve na delegacia e informou que a irmã dela possui depressão pós-esquizofrênica, teria feito tratamento em 2012 e depois o abandonado.
O delegado que presidiu a ocorrência determinou que a investigada fosse liberada para tratamento médico, levando em consideração o notório transtorno psiquiátrico e o laudo apresentado pela irmã.
Porém, foi registrada a ocorrência de dano e apreensão de objeto, com a apreensão da chave inglesa e das roupas para instauração de inquérito.
Tratamento
O responsável pela escola de dança que teve a fachada danificada contou à reportagem que na semana passada essa mesma mulher foi até o prédio e danificou um painel no qual estão vários vasos de plantas.
Ainda de acordo com ele, na ocasião foi feito contato com a Secretaria de Assistência Social, para informar a situação da mulher.
Mulher passará por consulta psiquiátrica nesta quarta
A Secretaria de Assistência Social de Araçatuba informou que a mulher que foi detida na manhã desta terça-feira após um surto não recebia acompanhamento dos serviços municipais de saúde mental.
Porém, segundo o que foi informado, a irmã dela procurou a unidade do Caps Adulto (Centro de Atendimento Psicossocial) na última sexta-feira (20) e nesta quarta-feira (25) ela será submetida a interconsulta por psiquiatra no pronto-socorro municipal.
Ainda de acordo com o que foi informado, o Ministério Público notificou a secretaria em julho de 2023, que essa paciente deseja que seja levantada a interdição dela. "Foi realizada visita domiciliar, na qual a idosa se mostrou resistente, se negando a responder os demais questionamentos, alegando que não procurou pelos préstimos do serviço", informa nota.
Não compareceu
Ainda de acordo com o que foi informado, a mulher foi comunicada do trabalho realizado pelo equipamento da assistência social, a equipe disponibilizou telefone e endereço para contato futuro, ela afirmou que compareceria posteriomente, mas nunca apareceu.
"Foi possível pontuar que ela se esquiva dos atendimentos do Creas e se recusa a ser atendida pela equipe. Embora a idosa seja pessoa interditada, ela possui autonomia e não se encontra em situação de vulnerabilidade social. O caso foi arquivado no ano 2023", informa nota.
Por fim, a secretaria informa que em reunião realizada na UBS (Unidade Básica de Saúde) Centro em 15 de março deste ano, foi pontuada a autonomia da investigada e os procedimentos para a melhora da sua saúde mental dela.
Depois disso, foi decidido novamente pelo arquivamento do caso pela Assistência Social, mas será dada sequência ao procedimento pela Secretaria Municipal de Saúde.